segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

SOM E FÚRIA - QUALIDADE E OUSADIA

Quando passou a minissérie na globo eu não acompanhei todos os episódios em função da faculdade e que era tarde demais. Ano passado participei de uma promoção na internet, mesmo sem acreditar que ganharia e mesmo sem acreditar que depois de ganhar a promoção o prêmio chegaria, mas chegou! E o que chegou foi um box da série "Som e Fúria" de 2009. terminei essa semana de assistir a série completa. Simplesmente sensacional. Em primeiro lugar, o elenco. MA-RA-VI-LHO-SO. Todos eles. Andréa Beltrão dá um show no papel da atriz decadente que ainda dá chiliques. Felipe Camargo personifica o diretor fracassado e louco. Pedro Paulo Rangel está perfeito no papel do defunto que volta do além. Além do trio principal, ainda há muitos destaques como Maria Flor, Dan Stulbach, Regina Casé e a genialíssima Cecília Homem de Melo, no papel de Ana, a secretária faz tudo. Débora Falabella, Rodrigo Santoro, Daniel de Oliveira, Leonardo Miggiorin. 
Tão fantástico quanto o elenco é o roteiro, adaptado pelo próprio Meirelles, e original de Susan Coyne, Bob Martin, Mark McKinney. Piadas ferinas, sutis, de uma inteligência irônica que dificilmente se vê na TV brasileira. Por fim, a trilha sonora de Ron Sures é magistral. Está lá nos momentos corretos, das formas corretas. Fiquei extasiado. Sem falar da participação dos gaúchos Hique Gomes e Nico Nicolaiewisky a dupla dos Tangos e Tragédias. 
Claro que há muito a ser dito em favor de Som e Fúria, mas esses pontos foram os que me chamaram a atenção. É maravilhoso quando você vê a TV brasileira fazendo obras-primas como essa. E o que me dá muita raiva, é o preconceito de alguns com tudo que é nacional. Outras obras primas já foram ao ar na mesma Globo como Capitu (que foi uma das melhores coisas que eu já assisti, fantástico!), Hoje é dia de Maria e o Auto da Compadecida. 
"Som & Fúria" não é apenas um programa bem produzido, com atores bem dirigidos, ótima trilha sonora, roteiro bem amarrado, edição dinâmica, fotografia, figurinos e direção de arte impecáveis, personagens cativantes, elenco de primeira --seja do teatro, seja da TV. Sua importância está no fato de discutir, na própria TV, de forma bem humorada, inteligente e, mais importante, não hermética, o papel do teatro no atual panorama das artes cênicas brasileiras.


3 comentários:

  1. Sim Diego,

    Para mim também foi uma experiência incrível assistir e entrar no universo do Som e Fúria, assim como foi com Hilda Furacão e Os Maias, por exemplo. O preconceito do senso comum sobre as produções nacionais se dá pela ingenuidade e conseqüentemente, pela ignorância em encarar produção brasileira como sendo tudo uma coisa só, e convenhamos, as mini-séries são diamantes no meio de tanto carvão. O problema é que os diamantes não dão tanta audiência quanto os carvões brabos que essas mesmas pessoas que criticam a produção nacional assistem. Aí temos as mini-séries na madrugada e “Zorra Total” em horário nobre.
    Por isso, infelizmente, o senso comum tem razão. A maioria dos programas que são produzidos na televisão brasileira são muito ruins, têm por objetivo apenas agradar uma massa, fazer muitos pontos no Ibope e faturar com isso. Mas os responsáveis pela má qualidade do produto nacional são as mesmas pessoas que assistem a essa programação de péssima qualidade. Claro que existe um sistema se beneficiando disso e empurrando esse festival de banalidades para manipular e acalmar um público acostumado a ser roubado, mas os egípcios já nos mostraram que a força da massa tem um poder transformador, ou seja, não adianta jogar a culpa para governos ou empresas dominantes. Pode ser uma boa desculpa, mas não criemos monstros e sejamos francos: nós temos de agir. Fazer a ação que vai gerar transformação.
    E convenhamos, na nossa área, o teatro, também temos pessoas que fazem diamantes e pessoas que dão carvão ao senso comum, pois o carvão pode ser “engolido” com mais facilidade e diamantes, bom, tem gente que nunca viu e nem sabe como é. Acredito que seja realmente um processo pedagógico. O senso comum não tem esse discernimento sobre qualidade, pouco conhece sobre diamantes, pois nasceu e cresceu vendo carvão. Mas é possível mudar, pois os diamantes, assim como o carvão, são feitos da mesma matéria.

    Marcos Cardoso

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  2. Marcos muito boa essa sua análise sobre o senso comum, sobre diamantes e carvão, e concordo e admiro o seu comentário.
    Abraços cheio de Som e fúria!!!!

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  3. Assisti a Temporada Som e Furia 4 vezes, sou também um apaixonado por ela.Para esquentar um pouco, acrescento. A televisão brasileira é realmente incrível. A qualidade de Som e Furia nos dá um exemplo de como é possível fazer algo de qualidade. Alguns destes mesmos atores tão destacados em Som e Fúria já fizeram tantas coisas fúteis que chego a ficar perplexo ao vê-los. A exemplo o Programa de baixíssimo nível apresentado por Regina Casé "Esquenta". O grande problema é que como diz Beatriz Sarlo " A mídia constrói discursos, significados e sujeitos". Ou seja, o processo de massificação segue a solta, e o nosso papel enquanto artistas é seguir solitários na briga que sabemos que nunca iremos ganhar, nos contentando apenas com algumas poucas batalhas.
    Cássio Azerdo

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