segunda-feira, 31 de maio de 2010

Este poema foi criado pela atriz do "Válvula de Escape" Ana Denise Ulrich, resultado de suas observações dentro dos nossos ensaios e descobertas, particularmente do processo intenso de nossa colega Gabi.


Ecos

por Ana Denise Ulrich

As lágrimas que ecoam do coração
Batem forte aos olhos de quem vê.
São simples e justas,
Dignas de compaixão.
É impossível não ouvir
Quando um coração chora
A alegria da descoberta contida,
Sem se emocionar e sorrir.
A insensibilidade humana
É mais sensível
Ao eco verdadeiro
Que uma lágrima emana.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

OFICINAS DO GRUPO VÁLVULA DE ESCAPE - INSCRIÇÕES ABERTAS


VÁLVULA de ESCAPE
Teatro de Grupo


O Válvula de Escape - Teatro de Grupo, está oferecendo, dentro de seu projeto de compartilhamento, duas oficinas teatrais para INICIANTES. As oficinas iniciam no sábado dia 19 de Junho na Estação da Cultura em Montenegro. Detalhes abaixo.

OFICINA DE TEATRO – 1º MÓDULO- Iniciação

OFICINA DE TEATRO PARA JOVENS E ADULTOS



Têm como objetivo iniciar o aluno na prática teatral, onde o aluno trabalha os instrumentos fundamentais para o ofício do ator e elementos que constituem a linguagem cênica, tais como: atenção e prontidão, observação, concentração, ritmo, leitura, exercícios corporais e vocais. O curso oferece ao aluno o primeiro contato com os elementos fundamentais para o trabalho de sensibilização e criação. A partir de exercícios de expressão corporal, concentração, percepção do outro e do espaço, composição, improvisação e leituras, o aluno terá a possibilidade de estimular e desenvolver sua presença cênica.
Este módulo desenvolve jogos e exercícios que estimulam as habilidades necessárias para a prática teatral, como atenção e prontidão, observação, concentração, ritmo, leitura, exercícios corporais e vocais. Essa prática proporciona ao aluno uma maior consciência das possibilidades expressivas de seu corpo e de sua voz, melhorando seu desempenho na verbalização, organização de idéias e na capacidade de lidar com imprevistos. As turmas são divididas por faixa etária e o conteúdo de cada módulo é desenvolvido segundo a experiência e maturidade de cada grupo. A partir de uma metodologia baseada no trabalho em equipe, o aluno exercita o diálogo, o respeito mútuo, a reflexão sobre como agir com os colegas e o senso de responsabilidade. Apostando que o exercício teatral pode desenvolver a sensibilidade e a vivência de grupo sendo facilitadora das relações humanas, esta oficina se propõe a descobrir as potencialidades criativas dos participantes, utilizando como base para o trabalho o jogo cênico e a improvisação.

PÚBLICO-ALVO:

Todos os interessados a partir dos 16 anos (iniciantes)

QUANDO: de 19 de Junho a 30 de Outubro de 2010.

Sábados das 15:00 hs as 18:00 hs

CARGA- HORÁRIA: 20 encontros. 60 horas/aulas.

MINISTRANTE:

Diego Ferreira. Diretor do Grupo VÁLVULA de ESCAPE.

(Ator e Diretor, Licenciado em Teatro pela UERGS/FUNDARTE, que em 2009 dirigiu o espetáculo WILMA e ELZA.)

INVESTIMENTO:

R$ 150,00 à vista.

1 + 4 x de R$ 35,00

(R$ 35,00 de matrícula + 4 parcelas de R$ 35,00).




CURSO DE TEATRO PARA PRÉ-ADOLESCENTES

Os Cursos de Teatro do Grupo Válvula de Escape tem como objetivo iniciar o aluno no exercício teatral e buscam desenvolver os mesmos princípios que norteiam o trabalho do Grupo: a vivência em grupo, a experimentação, o jogo e o estímulo ao ator como criador.

A proposta das atividades é orientar o indivíduo criador para o trabalho coletivo.

Além disso, a realização semestral da MOSTRA DOS CURSOS - uma atividade ao final de cada módulo no formato de uma aula aberta, compartilhada entre familiares, amigos, professores e colegas - e sua participação em oficinas, palestras e espetáculos aumentam a base teórica e desenvolvem o senso crítico do aluno-ator.

O curso pretende desenvolver pequenos exercícios para a cena, a partir de jogos de observação, improvisação, leituras, criação e memorização de imagens. A partir de uma dinâmica baseada no trabalho em equipe, o aluno tem a possibilidade de se reconhecer dentro do grupo e exercitar o diálogo, o respeito mútuo e o senso de responsabilidade.

Pretende também ampliar a capacidade individual de experimentação e de envolvimento com o fazer teatral, através de improvisações e composições que possibilitam a noção de espaço, personagem e ação dramática. Serão utilizados exercícios para estimular a agilidade corporal e verbal e aprimorar a percepção – ouvir e ver o outro, contracenar.

PÚBLICO-ALVO:

Todos interessados entre 11 e 15 anos

QUANDO: de 19 de Junho a 30 de Outubro de 2010.

Sábados das 13:30 hs as 15:00 hs

CARGA- HORÁRIA: 20 encontros. 50 horas/aulas.

METODOLOGIA:

O curso é composto de quatro meses e meio de aulas práticas, e uma Mostra Teatral aberta ao público (CERTIFICADO DE CONCLUSÃO).

CONTEÚDOS:

Aulas de expressão corporal, expressão vocal, improvisação, jogos e interpretação teatral direcionados para esta faixa etária.

MINISTRANTE:

Diego Ferreira. Diretor do Grupo VÁLVULA de ESCAPE.

(Ator e Diretor, Licenciado em Teatro pela UERGS/FUNDARTE, que em 2009 dirigiu o espetáculo WILMA e ELZA.)



INVESTIMENTO:

R$ 150,00 à vista.

1 + 4 x de R$ 35,00

(R$ 35,00 de matrícula + 4 parcelas de R$ 35,00).



COMO SE INSCREVER:

Inscrições e informações através do e-mail:

escapeteatro@bol.com.br ou diegoferreira1@bol.com.br

Fone (51) 8177.4446. Ou através do blog: http://escapeteatro.blogspot.com







segunda-feira, 24 de maio de 2010

Grupo Galpão em Porto Alegre!

"Hoje podemos afirmar que o Galpão já tem uma linguagem própria, onde se misturam Brecht e Stanislavski, as técnicas circenses com o teatro balinês, a música folclórica com os experimentos musicais mais contemporâneos, a dramaturgia clássica com o melodrama, Eugenio Barba com Gabriel Villela, Eduardo Garrido com Shakespeare, marujadas com Molière, teatro épico com drama psicológico, o provinciano com o universal, a tradição com a transgressão. Tudo se mistura nesse caldeirão que os alquimistas do Galpão transformam, com visão crítica e generosidade, em teatro da mais pura cepa, arte maior, celebração da vida." Paulo José - Ator e Diretor 

Depois de tantos anos eu e os atores do Grupo Válvula de Escape, pudemos assitir o novo espetáculo do Grupo Galpão de Minas Gerais. Anteriormente, já tinha assistido “Um trem chamado desejo” e “Partido”. Pode-se dizer que o Grupo Galpão, sediado em Belo Horizonte, é um dos mais importantes do Brasil, além de ser um dos meus grupos preferidos . Formado há quase 30 anos por um coletivo de atores, o grupo normalmente convida diretores para seus espetáculos. Foi assim com o memorável Romeu e Julieta, dirigido por Gabriel Villela, que estreou em 1992 e rodou o mundo. Apenas uma, ou outra vez, algum ator do próprio grupo decide dirigir um espetáculo. E foi este o caso de Till, a saga de um herói torto, conduzido por Julio Maciel.
A peça conta a história de Till, um anti-herói que vem ao mundo por causa de uma aposta entre Deus e o Demônio, numa Alemanha medieval repleta de velhacos e aproveitadores. Para dar conta desses personagens, o elenco fez inclusive um trabalho de preparação baseado no arquétipo do bufão.
O Galpão é, sem dúvida, a mais alta expressão no que se refere ao teatro de grupo no Brasil. Diferente do que acontece com a maioria das outras companhias conhecidas, que são lideradas pela figura do encenador, como a Armazém Cia de Teatro, o Centro de Pesquisa Teatral (CPT), de Antunes Filho, o Teatro Oficina, de José Celso Martinez Corrêa, a Companhia de Ópera Seca, de Gerald Thomas, ou o Teatro da Vertigem, dirigido por Antonio Araújo, o Grupo Galpão é um grupo de teatro formado essencialmente por atores, que geralmente convida diretores renomados para a criação de seus espetáculos.
A lista de contribuições significativas ao teatro brasileiro acompanha os 27 anos de existência do grupo, que já trabalhou sob a direção de Paulo José, Cacá de Carvalho, Paulo de Moraes e Gabriel Vilela; com o último realizou, em 1992, o espetáculo Romeu e Julieta, de Shakespeare, que foi aclamado em 2000, no Globe Theatre, em Londres, por público e crítica. Os próprios críticos ingleses escreveram, na época, que a peça teria resgatado a essência do teatro de Shakespeare, que é popular.

Nesse Till, o grupo Galpão resgata suas origens de Teatro de Rua; mas não um espetáculo de rua simples, feito para poucos espectadores, de forma improvisada. É uma peça com uma produção impecável, feita para o grande público, onde os atores tocam instrumentos e cantam na cena, que possui efeitos sofisticados, apesar da aparente simplicidade. A estória se passa na Idade Média, quando Deus e o Diabo apostam sobre a perdição dos homens: Se de uma alma forem retiradas algumas qualidades, inclusive a maioria da inteligência, ela conseguirá ou não manter a sua consciência?
Assim, ao nascer após mais de cinco anos de gestação, inclusive sendo retirado da barriga da mãe com a ajuda de um anão mergulhador, Till logo aprende que para sobreviver precisa usar de toda a astúcia e malandragem, enganando e subvertendo a tudo e a todos, como forma de escapar da miséria. O personagem perde sua consciência para o Diabo, e depois o desafia para recuperá-la, em um duelo hilário. Existe outra linha narrativa, dentro da trama, que conta a história de três cegos em peregrinação para Jerusalém, que criam um batalhão que combate à noite, em noites sem lua, ficando em igualdade de condições com os infiéis, e com ouvidos melhores.
Um dos pontos altos do espetáculo é o encontro dos cegos com Till, onde eles são enganados de forma primorosa pelo herói torto. Existem também alguns momentos de interação com a plateia, criados com sensibilidade, nada que espante um espectador com receio (muitas vezes com razão) de peças interativas.
O caráter popular do espetáculo, que se passa na Alemanha medieval mas poderia acontecer em outro tempo e lugar, com característica universal, é sempre reconfigurado no domínio dos atores ao envolver o público nos acontecimentos: a cena onde a mãe de Till será queimada na fogueira é um exemplo disso, quando as exclamações de “Fogueira! Fogueira!” viram uma espécie de grito de torcida de futebol.
O texto e a interpretação têm, muitas vezes um certo distanciamento, inclusive com os atores se referindo a si mesmos em terceira pessoa. Till Elenspiegel, o heroi mitológico criado pelo dramaturgo Luis Alberto de Abreu, lembra o travesso Macunaíma, de Mário de Andrade. A direção de Júlio Maciel, membro do Galpão, dá vivacidade ao texto, conseguindo realizar momentos hilários, grotescos e sublimes, se aproveitando do domínio dos atores na sua relação com o público. O cenário, de Márcio Medina, também contribui de maneira significativa, uma vez que proporciona, com alçapões e traquitanas, uma certa agilidade na movimentação da cena.
Um teatro de primeira, que está sempre questionando de forma construtiva a linguagem do próprio teatro, bem como a sua relação com a vida e as transformações: “a utopia não é um lugar no mundo, mas está na mente dos homens”. Till nos mostra a grandiosidade e a vulgaridade do homem, que junta corpo, alma e consciência na ação de inventar o sonho. Sonho este proporcionado pelo SESC que está mais uma, duas, três...vinte vezes de parabéns pela iniciativa e pela primorosa e qualificada grade de programação do 5º Festival Palco Giratório.


quinta-feira, 20 de maio de 2010

BLOG DO PORTO ALEGRE EM CENA


Está no ar o BLOG do 17º Porto Alegre em Cena que acontecerá de 08 a 26 de Setembro na capital dos gaúchos. Um dos grandes festivais de Artes Cenicas do país, o POA em Cena estreia mais um canal para deixar o seu público e comunidade artista mais informado quanto as produções já confirmadas e sobre algumas novidades do festival. Quem quiser dar uma espiada acesse:  http://poaemcena.blogspot.com/
e confira.BLOG.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Socorro!

SOCORRO!

Teatro, vem em meu socorro!
Durmo. Acorda-me
Estou perdido na escuridão, guia-me, ao menos para uma vela
Sou preguiçosa, deixa-me envergonhada
Estou fatigada, levanta-me
Estou indiferente, sacode-me
Continuo indiferente, parte-me a cara
Tenho medo, dá-me coragem
Sou ignorante, educa-me
Sou monstruosa, humaniza-me
Sou pretencioso, faz-me morrer de riso
Sou cínica, desmonta o meu jogo
Sou estúpida, transforma-me
Sou má, pune-me
Sou dominadora e cruel, combate-me
Sou pedante, faz troça de mim
Sou ordinária, eleva-me
Sou muda, desfaz-me este nó
Já não sonho, chama-me cobarde ou imbecil
Esqueci-me, lança sobre mim a Memória
Sinto-me velha e seca, faz saltar a Infância
Sou pesado, dá-me a Música
Estou triste, vai buscar a Alegria
Sou surda, com fragor faz gritar o Sofrimento
Estou agitado, faz crescer a Sabedoria
Sou fraca, acende a Amizade
Sou cega, convoca todas as Luzes
Estou refém da Fealdade, faz irromper a Beleza vencedora
Fui recrutado pelo Ódio, dá todas as forças ao Amor.

Autor da Mensagem: Ariane Mnouchkine
Tradução de Eugénia Vasques

Postado por Ana Denise Ulrich

MICHEL MELAMED

http://www.youtube.com/watch?v=K4C3ppDYME4
Postado por Ana Denise Ulrich

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Seminário sobre Vida e Obra de Nelson Rodrigues


Programação flor de obsessão
de 24 a 27 de maio– Palestras e Espetáculos
Teatro Renascença (PoA)
Av. Erico Veríssimo nº307 Entrada Franca
Informações:
Coordenação de Artes Cênicas
Telefones 3289 8062 / 3289.8064
twitter.com/maisteatro

Dia 24/05 – Abertura: Nelson em Processo

20h - Espetáculos:
■Uma menina foi para o Céo – Grupo dos Cinco - Com Sandra Alencar – Direção: Beto Russo
■Experimento Nelson 3: Boca – corte 1 – com Aline Jones, Paulo Salvetti e Rossendo Rodrigues – Direção: Grupo Teatro Boca
■Nelson Mítico – Grupo Experimental de Teatro da SMC - Com Amália Ceola, Amanda Novinski, Andreia Irber Vargas, Danielle Salmória, Denis Moreira de Souza, Dinorah Araújo, Gustavo Cardoso e Janaina Lima - Coordenação: Mauricio Guzinski

Dia 25/05 - Nelson Rodrigues e o Teatro

19h – Palestra:
■Aimar Labaki – “Nelson Rodrigues e São Paulo: amor e bairrismo”
■Luís Artur Nunes – “O melodrama e o naturalismo no teatro de Nelson Rodrigues”
■Ramiro Silveira - “Nelson Rodrigues no palco – Experimentos de direção”
Mediação: Caco Coelho

21h30 - Espetáculo:

■A Serpente – Grupo Satori – Elenco: Alexandre Antunes, Carolina Pohlmann, Camila Rosa, Daniel Fraga, Franciele Aguiar, Ingrid Bonini, Kayane Rodrigues, Marcelo Pinheiro, Márcia Donadel, Priscila Correa, Sofia Vilasboas - Direção: Irion Nolasco

Dia 26/05 - Nelson Rodrigues em Adaptações cinematográficas

19h – Palestras:

■Darlene Glória – “Nelson Rodrigues e eu”
■Flávio Mainieri – “A Falecida de Nelson Rodrigues a Leon Hirszman”
■Roger Lerina - “Do palco para tela: Nelson Rodrigues no cinema”Mediação: Marcus Mello

21h30 – Espetáculo:

■O Beijo no Asfalto – Grupo Neelic - Elenco: Vanda Bressiani, Pablo Corroche, Mayara Bortolotto, Mariapia Ribeiro, Kátia Berger, Adriano Valduga, Patricia Vieira, Carlos Araújo, Diego Acauan – Direção: Desirré Pessoa

Dia 27/05 - Nelson Rodrigues e a Literatura

19h – Palestras:

■Caco Coelho – “O legado de Nelson”
■Luís Augusto Fischer – “Nelson Rodrigues: Cronista ou ensaísta”
■Regina Zilberman – “A Tragédia em A Senhora dos Afogados”

Mediação: Pedro Gonzaga

21h30 – Espetáculo:

■A Serpente – Grupo Teatrofídico - Elenco: Renato Del Campão, Rejane Meneghetti, Ágata Baú e Maiquel Klein - Direção de Eduardo Kraemer

quinta-feira, 13 de maio de 2010

"INVEJA DOS ANJOS" da Armazem Cia de Teatro - Comentário



No dia 11 deste mês o grupo ESCAPE TEATRO se deslocou até Porto Alegre para assistir "Inveja dos anjos", que é um espetáculo de alta categoria, com um emocionante texto que conta com episódios sucessivos oferecendo ao público uma viagem pela vida e pelos sentimentos de personagens que são capturados em momentos sucessivos, forma mais freqüente no cinema do que no teatro.
Uma viagem pela vida e seus acontecimentos mais íntimos.Esta é a tônica do espetáculo "Inveja dos anjos". Um emocionante texto daqueles que ficam guardados em nossa memória durante um longo tempo e faz o público transitar pelos sentimentos dos personagens e se envolver gradativamente ao longo dos fatos e acontecimentos que se sucedem.
Maurício Arruda mendonça e Paulo de Moraes elaboraram a dramaturgia juntamente com a cenografia do mesmo Paulo e Carla Berri, onde envolve todo o contexto da história.
O texto fala de um grupo de personagens que vive em uma pequena localidade do interior, e viaja por toda uma gama de relacionamentos e sentimentos, de perdas permanentes ou provisórias, de chegadas e partidas, e das memórias que os une. O lindo cenário, a estrada pela qual passam tanto o trem quanto as vidas dos que moram junto dela, é parte da trama, é personagem, é sujeito da ação, mas sem querer suprimir os atores. Os figurinos de Rita Murtinho são de uma semsibilidade ímpar e compõem o ambiente da trama e a luz de Maneco Quinderé é visceral, funcional e orgânica.
 A direção de Paulo de Moraes prima pelo detalhe, no tom exata  conduz a encenação narrando de forma sensível e audaz a vida das personagens.O elenco de forma harmonica se comunica como que por osmose de quem se conhece e trabalha juntos a um longo tempo (Viva o trabalho de grupo continuado).
Mas é impossível não destacar o trabalho preciso de Patrícia Selonk, que constrói sua personagem com uma sutileza que só os grandes atores conseguem, não conseguia desgrudar os meus olhos dela, vendo a sua respiração e a pulsação que se externava através de um sutil movimento dos pés. Reconhecendo também é claro o excelente trabalho de Simone Mazzer, Thales Coutinho, Marcelo Guerra, Simone Vianna, Ricardo Martins e Verônica Rocha. "Inveja dos anjos" é mais um excelente trabalho da Armazém Companhia de Teatro.
O nome nos faz viajar no que poderia ser a temática do espetáculo, mas nenhum devaneio poderia adiantar o que o Armazém Cia. de Teatro traria à cena com “Inveja dos Anjos”, na direção de Paulo de Moraes.
A escolha do título da obra é um dos acertos na concepção do espetáculo como um todo, além de profundo, é bastante significativo dentro do contexto da ação dramática desenvolvida. A dramaturgia de Maurício Arruda Mendonça e Paulo de Moraes é consistente e bem elaborada tornando-se uma ligação instantânea com o público, este que embarca em uma viagem introspectiva dos seus sentimentos mais pessoais e que a todo o momento são trazidos à tona, seja em uma palavra ou frase inteira. O texto seduz, envolve, emociona e revigora, é um ponto de destaque no trabalho, entretanto, além do texto em si, há também de se considerar o modo como ele é encenado, um exemplo é a identificação imediata das situações vividas pelos personagens, muito enraizadas nas lembranças que cada um de nós tem e que em algum ponto se entrelaçam e despertam sentimentos submersos.
O cenário insere em destaque os trilhos de uma ferrovia que se estende na verticalidade, dando uma maior dimensão ao espaço cênico, a iluminação bem pontuada se harmoniza com as transições do maquinário que entram e saem pelas laterais de forma bem colocada. Isso mostra um grande caráter funcional que existe no espetáculo, onde o que está posto corresponde ao está sendo encenado. A sonoplastia vem de encontro ao reforço das lembranças que permeia os personagens, contempla a beleza e harmonia das cenas nos presenteando com emoções fortes. Tudo isso se deve à fluência que existe no grupo, a generosidade em cena é visível, denota que o maior desejo é somar as potencialidades de cada um para resultar em um excelente trabalho, como foi "Inveja dos Anjos", tornando-o um espetáculo para ser contemplar muitas vezes. E com isso esta companhia já é uma dos grandes destaques do teatro nacional, que a cada trabalho se renova, apostando no real trabalho de grupo. Depois de ter apreciado os outros espetáculos da Armazém como "Pessoas Invisiveis", "Toda Nudez será castigada" e "Inveja dos anjos", posso dizer que sou fã incondicional destas pessoas maravilhosas, sem falar no magnetismo de Patricia Senlock.  






"Medida por Medida" de Gilberto Gawrosky - Comentário Crítico

MEDIDA POR MEDIDA



Esteve em cartaz dentro da programação do V Palco Giratório e esteve no palco do TRAC em Montenegro a comédia de Shakespeare "Medida por medida". A tradução de Barbara Heliodora é moderna e ágil, mas não poderia ser diferente, sendo ela uma estudiosa dos textos do grande mestre do teatro inglês. É bem verdade que eu e outros colegas tivemos uma dificuldade inicial de entrar na história, e entendê-la. Mas, sem sombra de duvidas, Shakespeare consegue pegar a atenção da platéia por sua ironia, seu sarcasmo, em um texto que até hoje é atual (como a maioria das suas peças), falando sobre corrupção, chantagem, mandos e desmandos de subalternos. Ou seja, discutindo a ética. E foi por aí que a direção pegou o fio da meada da historia. Fez de Shakespeare uma válvula de escape para discutir ética. E nada mais oportuno que discutir sobre esse assunto colocando a narrativa da peça ambientada em uma espécia de boate gay.  Colocou a ética numa ótica chocante. A essa direção, Gilberto Gawronsky poderia e deveria ter ousado muito mais, no sentido de que se tem TUDO para se ter um bom espetáculo e não temos, pelo fato de que as músicas (que contava com Cindy Lauper e Madona) apenas serviram para os atores executarem passinhos de dança bagaceiros, o espaço (o que era o espaço) maravilhoso e super mal aproveitado e os atores perdidos, sem energia, falando quase numa linguagem televisiva. O figurino é a melhor coisa do espetáculo. É impressonante a capacidade da dupla Antônio Medeiros e Cao Aluquerque de transformar a roupa utilizada no sécio XVI (1564) , de desconstruir uma época ao mesmo tempo em que apresenta claras referências à época. Além de ser um figurino engraçadíssimo, porém sempre voltado para o mundo do sexo hardcore para os homens, com utilização de couro, plástico, fivelas, e tiras, muitas tiras de tecidos. Gosto também dos adereços de cabeça e da maquiagem, mas, reparem, tudo é muito drag queen pra o medieval. O Cenário de Maria Sarmento e Beanka Mariz nao ambienta os lugares, mas consegue ser neutro o suficiente para que o diretor possa brincar com os espaços, e com a historia. A unica coisa desnecessária é a abertura da peça, com aquele pano branco escondendo o cenário e a projeção de uma suposição de Shakespeare escrevendo a peça que iríamos ver. Nao vejo necessidade dos numeros de tecido. So atrapalha os atores em cena, além de serem mal executados.
Aos atores, todos homens, os que representam as mulheres (Sergio Maciel e Rafael Leal, e participação de Rodolfo Botino) se saem bem melhor do que os que representam os homens. Embora todos se comportando como Drag Queens. Luis Salém é Luis Salém, nem duque, nem frei.
Confesso que gosto deste abuso, de tirar os cânones do pedestal e virá-los do avesso, desde que com algum propósito em vista. Não sou adepto de se chocar só por chocar, mas quando as coisas tornam-se uma unanimidade, é preciso coragem para levantar sua voz no meio da multidão e dizer uma não-obviedade.
De minha parte, digo logo que Gawronski se saiu muito bem! Mas não é à toa que o que mais se desarmoniza com sua proposta de encenação seja a tradução, que em sua rigidez canônica não dialoga com os outros elementos, tão inusitadamente lúdicos. O problema é que ela nos obriga a fazer um esforço a mais para entender o que é dito, e parece obrigar os atores também, pesando algo que deveria ser leve: um jogo de disputas que, à luz dessa encenação, parecem até infantis, como um espelho que mostra o ridículo a quem se sinta seduzido demais pelo poder (o que não é pouca gente hoje em dia). E talvez justamente por essa inadequação de estilos entre a palavra e a imagem, o elenco esteja pouco coeso, dando margem a interpretações de estilos bem diferentes. Nota-se isso, por exemplo, na linguagem de cada um dos atores que faz os papéis femininos (ah sim, esqueci de dizer que o elenco só tem homens): alguns mais realistas e outros mais caricatos, sem nenhum juízo de valores quanto a uma coisa ou outra, e apenas atestando tal discrepância. E também na sensação de que as boas atuações da peça dependem mais do brilho pessoal de alguns atores que de uma direção que trouxesse todos a um mesmo jogo.
O saldo que tirei da peça foi o de que um diretor reconhecido consegue alavancar verba para fazer uma produção grandiosa, mas absolutamente vazia, somente com a pretensão de entreter o público. É uma pena, pois tinha de tudo para ser maravilhosa, e não foi!


terça-feira, 4 de maio de 2010

Eugênio Barba em Porto Alegre: Desdobramentos

Sábado, no dia 1º de maio, deu-se a largada ao Festival 5º Palco Giratório do SESC/Rs. Um festival que está em seu quinto ano e está se firmando como um dos principais festivais do estado, ao lado do Porto Alegre em Cena. Porto Alegre está cada vez mais se tornando uma cidade de grandes festivais de Artes Cênicas. Em Janeiro e Fevereiro temos o já tradicional Porto Verão Alegre, em abril temos o Festival de Teatro de Rua, em Maio temos o Palco Giratório e em setembro temos o Porto Alegre em Cena. Fora estes grandes eventos temos outros como o recente Festival de dança, o Mesa Verde, o Festival de teatro de Bonecos, e este ano ainda tivemos o FITO, o Festival Internacional de Teatro de Objetos. Retornamos a bola da vez, o Palco Giratório. A principal atração deste ano ocorreu no último sábado, onde o Teatro do SESC em Porto Alegre recebeu uma concorridíssima conferência do teórico e diretor italiano Eugenio Barba. Barba é criador de uma abordagem que une teatro e antropologia em um trabalho focado no corpo. Falou de sua trajetória com a Odin Teatret, da Dinamarca, companhia em atividade desde 1964. Em português com pitadas de espanhol, lembrou que teve a idéia de fundar a companhia, ainda na Noruega, depois de ter sido recusado em testes para grupos profissionais. Acabou criando, junto com seus atores, métodos de treinamento inovadores focados no corpo, desenvolvendo uma identidade cênica própria. Ao lado dele estava à atriz Julia Varley, que fez, no domingo, uma demonstração de trechos de peças da companhia.

Algumas citações brilhantes da conferência, lógico que escutar diretamente do Barba é completamente diferente do descrito abaixo:
- O teatro é uma missão ética.
- O Teatro é a nossa necessidade, e não a dos outros.
- O Teatro é a minoria, e quem faz tem que tirar do seu bolso.
- O Teatro não deve ser politíco, o teatro deve ter ums politíca.  
- A sua tarefa no Odin era preparar os jovens não somente por um ou dois anos, para para uma vida toda.
- O ator as vezes só consegue descobrir novos territórios através do cansaço e da fadiga.
- O processo ficou mais importante que o espetáculo, pois permite que o individuo encontra-se a si mesmo.
- O Teatro pode ser entretenimento ou transcedencia.

Durante o seu discurso Eugênio Barba citou os nomes de grandes mestres e personalidades do teatro como: Brecht, Decroux, Stanislawski, Iben, Grotowisky, Peter Brook, ...

Noite realmente maravilhosa, onde os integrantes do Escape Teatro que lá se encontravam, aprenderam e muito. Temos que agradecer ao SESC mais uma vez.

domingo, 2 de maio de 2010

IMAGENS INSPIRADORAS PARA A CRIAÇÃO DO ESPETÁCULO!

Abaixo seguem fotos, desenhos e imagens que estão servindo como base da nossa pesquisa de criação do espetáculo Macabéa: Una Furtiva Lacrima. Seguem imagens de açougueiros, Greta Garbo, Marylin Moore, Enrico Caruso, e uma ilustração de Clarice Lispector.
Carusso

Núcleo ESCAPE Teatro: Imagens do Processo.

Essas são alguns registros dos nossos ensaios. Estamos experimentando modos e maneiras de construir o nosso primeiro espetáculo chamado provisóriamente de MACABÉA, Una Furtiva Lacrima, baseado no texto de Clarice Lispector. As imagens abaixo são da apresentação e improvisão acerca da criação dos personagens palestrantes. Nas fotos estão os atores do Escape Teatro: Adriana Korndorfer, Martina Nichel, Gabriela Tuane, Lucimaura Rodrigues, Ana Denise Ulrich, Leonardo  Nunes e Fabrizio Rodrigues, juntamente com Diego Ferreira.