terça-feira, 31 de maio de 2011

"DE-VIR" Comentário Critico


O melhor figurino de teatro é o corpo nu
Zé Celso

Devir é um conceito filosófico que qualifica a mudança constante, a perenidade de algo ou alguém. Movimento pelo qual as coisas se transformam. Ao assistir ao espetáculo “De-vir” da Cia Dita do Ceará dentro da programação do 6º Palco Giratório e fiquei bastante impressionado e transformado com o trabalho desta Cia. O trabalho estava cercado de tabus, até pelos meus colegas, que torceram o nariz para a proposta do trabalho. Em nossos debates pós-espetáculo tentei defender e intervir a favor da proposta, mas não obtive muito sucesso, mas mesmo assim, deixo aqui a minha impressão acerca do que assisti no Teatro Renascença. Em cena quatro performers pontuam as interferências do corpo com seu ambiente. Em cena quatro bailarinos nus propõem movimentos que se alteram em acelerações, pausas, repetições e variações. Três bailarinos e uma bailarina dançam no palco do teatro completamente despidos, usam somente meia-ponta. O coletivo se despe do figurino para revelar nos corpos dos performes a liberdade em se dançar, em provocar e em produzir um projeto estético repleto de significados e incrivelmente belo. Alguns enxergaram somente a nudez dos corpos, mas é preciso ir além para poder captar um trabalho sério, digno, ousado e pontuado por uma precisão de movimentos incríveis. O espetáculo era dividido por solos, duos, trios e todo o coletivo em cena. Grande parte do espetáculo era executado sem a presença de uma trilha sonora, mas a musicalidade estava impregnada nos corpos dos bailarinos e principalmente na respiração precisa e sonora produzida pelos corpos. Corpos que constroem, desconstroem e re-constroem imagens constantemente, com movimentos intensos, que iam sendo modelados de forma ralentada e era fragmentada por movimentos bruscos dando novos ares a coreografia. É preciso olhar para o espetáculo e conseguir enxergar que por trás dos corpos nus, existe um projeto repleto de referenciais que vai do trabalho de Lygia Clark a Roland Barthes.
Outra questão é que não podemos assistir a um espetáculo de dança com o mesmo olhar que lançamos quando assistimos a um espetáculo teatral. Vivemos no tempo do pós-dramático, onde existem linguagens muito hibridas e diluídas, teatro, dança, teatro-dança, dança-teatro. Mas as estruturas são diferentes. A concepção e execução são diferentes. E a apreciação também é diferente.
Fiquei com vontade de conhecer mais o trabalho da Cia Dita, que me provocou bastante.


Ficha técnica do espetáculo:
 Direção e coreografia: Fauller
Assistência de direção: Wilemara Barros
Bailarinos: Wilemara Barros, Henrique Castro, Marcelo Hortêncio, Fauller
Música: Ryoji Ikeda
Som: Wilenaina Barros
Luz: Fernando Peixoto, Operação: Fábio Oliveira
Fotografia: Alex Hermes
Produção: Ato Produção e Marketing Cultura


quinta-feira, 26 de maio de 2011

ABAIXO-ASSINADO pela Lei de Fomento em Porto Alegre

Pela Lei de Fomento em Porto Alegre


Apoie o abaixo-assinado (petição pública) pelo Fomento ao Trabalho Continuado em Artes Cênicas para a Cidade de Porto Alegre. Ele foi aprovado em 2009, luta de artistas de dança, de teatro e da população. Só que em seu primeiro edital o orçamento previsto de R$ 220 mil foi cortado em mais da metade. Agora, a ameaça é de que a Prefeitura o reduza ainda mais. A mobilização é pela imediata abertura do período de inscrição de projetos para a Lei de Fomento local com os recursos que o Legislativo votou em agosto de 2009. Assine.

Enquanto isso, o projeto de lei que cria o Prêmio Teatro Brasileiro, o Fomento federal, está em tramitação no Congresso. Tramita desde 2007, já aprovado por comissões decisivas como a de Educação e Cultura, em dezembro passado. O Prêmio Teatro Brasileiro é um programa ainda mais potente que a pioneira Lei de Fomento paulistana, de 2002, dada a escala federal, óbvio, e a meta de triangular os suportes de manutenção, produção e circulação com foco tanto em grupos de pesquisa como em produtores independentes.




quarta-feira, 25 de maio de 2011

Adeus a ABDIAS DO NASCIMENTO


"Se pudessem, colocavam o negro de novo na escravidão" 

Abdias do Nascimento. 


Abdias e o Presidente Lula.
Faleceu ontem, aos 96 anos Abdias do Nascimento, ativista social brasileiro, um dos maiores defensores da defesa da cultura e igualdade para as populações afrodescendentes no Brasil, nome de grande importância para a reflexão e atividade sobre a questão do negro na sociedade brasileira. Teve uma trajetória longa e produtiva, indo desde o movimento integralista, passando por atividade de poeta até ativista do Movimento Negroator (criou em 1944 o Teatro Experimental do Negro) e escultor.

Após a volta do exílio (1968-1978), insere-se na vida política (foi deputado federal de 1983 a 1987, e senador da República de 1997 a 1999), além de colaborar fortemente para a criação do Movimento Negro Unificado (1978). Em 2006,em São Paulo, criou o dia 20 de Novembro como o dia oficial da consciência negra. Recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade de Brasilia. Autor de vários livros: "Sortilégio", "Dramas Para Negros e Prólogo Para Brancos", "O Negro Revoltado", e outros. Foi também professor benemérito da Universidade do Estado de Nova Iorque.
Ele diz que não se considera vencedor, mas um homem que trabalhou muito. Fala isso na nossa peça. Mas para a gente é justamente o contrário: a gente reconhece nele um vencedor, alguém que lutou e venceu. Ele nos deixa a responsabilidade desse legado ser levado adiante. Como todos os grupos de teatro negro, somos herdeiros do Teatro Experimental do Negro. A presença dele agora está em nós", diz Márcio Meirelles do Bando de Teatro Olodum.
Confira entrevista com Abdias do Nascimento clique AQUI

TANGOS E TRAGÉDIAS em Montenegro


Hoje, dia 25 de maio estará em Montenegro o espetáculo que arrebata multidões há mais de 25 anos.   Tangos e Tragédias é o primeiro evento resultante da parceria entre a Fundação de Artes de Montenegro (Fundarte) e o Serviço Social do Comércio (Sesc). 


Sobre o Espetáculo
Tangos E Tragédias estreou em 1984 em Porto Alegre. Criado por Hique Gomez e Nico Nicolaiewsky que são também os protagonistas desta comédia musical, encenando respectivamente Kraunus Sang com seu violino delirante e o maestro Plestkaya, com seu acordeom de efeitos fantásticos.
Todos estes anos em cartaz, ainda tem gente que vai assistir, muitos pela segunda, terceira ou mais vezes. É um espetáculo cult, uma espécie de vale-a-pena-ver-de-novo do teatro brasileiro.
Desde 1987 nas temporadas de verão durante o mês de janeiro, a dupla consegue com seus delirantes personagens, a incrível façanha de lotar todas as sessões no Teatro São Pedro, em Porto Alegre.
O espetáculo já passou pelos mais importantes teatros do Brasil, onde segue em constantes turnês e conta ainda com uma versão integral para língua espanhola, que já passou pela Argentina, Equador, Colômbia e Espanha.
Em 2003 em Portugal, Tangos e Tragédias foi escolhido pelo publico como o melhor espetáculo durante o Festival Internacional de Teatro de Almada e voltou em 2004 como "Espetáculo de Honra". Em 2007 voltaram para uma semana no teatro Tivoli e rápida turnê pelo país.

Sinopse
Tangos e Tragédias é um espetáculo que reúne música, humor, teatro e muita interação com o público. Os recursos cênicos são garantidos pela ficção construída em torno de dois personagens o Maestro Pletskaya (Nico Nicolaiewsky) e o Violinista Kraunus Sang (Hique Gomes).

Artistas vindos de um país imaginário chamado Sbórnia, eles executam, ao longo de uma hora e meia de espetáculo, músicas do folclore sborniano, canções brasileiras e sucessos do pop internacional. Tudo passando pelo filtro da comicidade, da teatralidade. Esses são os ingredientes que fazem Tangos e Tragédias agradar a diferentes platéias e faixas etárias.

É realmente um espetáculo universal pelo seu despojamento e por tratar com humor grandes temas, como o amor impossível, a dor-de-cotovelo e outras tragédias do ser humano.

O talento musical da dupla é grande, mas não é apenas nele que reside à força do espetáculo. Os intervalos entre as músicas são recheados de textos de grande inspiração e desenvoltura cênica. Os dois personagens, com características bem definidas, mexem com a platéia, arrancam gargalhadas e invariavelmente carregam o público para fora do teatro, onde atendem aos pedidos de bis.
Hora: 20:30hs 
Local: Clube Riograndense

terça-feira, 24 de maio de 2011

"FANDO & LIS" em Montenegro

Projeto Circuito Universitário e Arte Sesc trazem peça “Fando e Lis”


A cidade de Montenegro recebe a peça teatral “Fando e Lis”, obra com texto do dramaturgo espanhol Fernando Arrabal (dramaturgo que abriu o Festival Palco Giratório deste ano, e que o Grupo Válvula de Escape esteve lá na conferência) no dia 26 de maio. O espetáculo integra o projeto Circuito Universitário, que visa à integração entre a produção teatral universitária e a comunidade. Promovido pelo Arte Sesc – Cultura por toda parte, juntamente com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a apresentação ocorre no Teatro Therezinha Petry Cardona às 20h. O espetáculo terá entrada franca.
Abandonados em um mundo sem comunicação, Fando carrega a paralítica Lis num carrinho de bebê rumo a desconhecida e maravilhosa cidade de Tar. Durante o caminho encontram-se com suas paixões, seus medos e sonhos infantis. Fando e Lis amam-se e maltratam-se com a mesma intensidade, porém não se separam um do outro. A paranóia de nunca saberem se conseguirão chegar a Tar predomina na história, pois dizem que nunca ninguém conseguiu e nunca ninguém conseguirá chegar à cidade. Fando e Lis é o espetáculo através do qual Eduardo Colombo, um dos integrantes do Teatro Camaleão, está se formando em direção teatral pelo curso de Artes Cênicas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
No elenco estão Anderson Martins, Geison Sommer, Ícaro Costa, Márcio Carvalho e Raiana Paludo.

Ficha Técnica:
Direção: Eduardo Colombo
Texto: Fernando Arrabal
Elenco: Anderson Martins, Geison Sommer, Ícaro Costa, Márcio Carvalho e Raiana Paludo
Orientação da Pesquisa: Daniel Plá
Cenografia, Objetos Cênicos e Figurinos: Eduardo Colombo, Marcos Paiani e Michele Daronch
Iluminação: Eduardo Colombo e Juliet Castaldello
Maquiagem: Aline Ribeiro
Material Gráfico: Márcio Carvalho

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O REI CEGO - Teatro do Clã em Porto Alegre




Em nome dos meus amigos do Teatro do Clã, convido a todos para a temporada da peça O Rei Cego em POA. A peça, estará sendo apresentada no Projeto Novas Caras da Prefeitura Municipal de Porto Alegre e estará em temporada nos dias 01, 08, 15 e 22 de Junho, sempre às 20h, no Teatro de Câmara Túlio Piva com entrada franca. 

Esperamos todos para celebramos a arte do encontro através do teatro!

Saiba mais sobre o grupo e a peça em: teatrodocla.blogspot.com

sábado, 21 de maio de 2011

Luto e Melancolia em “Trilhas Sonoras de Amor Perdidas”


Por André Susin*

Uma primeira leitura do próprio título da peça, dirigida por Felipe Hirsch, pode nos dar uma ideia preliminar daquilo que constitui a sua trama dramática: o objeto perdido. Quando a peça se inicia propriamente, o que temos é um homem solitário, perdido no meio de caixas, revistas e discos, insone, descrevendo o que ele observa da distância da janela do seu apartamento.
No seu ensaio, Luto e Melancolia, Freud opõe o trabalho do luto ao trabalho da melancolia. Nesse sentido, Freud pode distinguir entre um luto normal, que permite a bem sucedida aceitação da perda, e a melancolia enquanto patologia, isto é, o sujeito melancólico persiste em sua identificação narcísica com o objeto perdido. Isso tem duas claras implicações: a primeira diz respeito à diferença entre luto e melancolia – enquanto aquela confronta o sujeito com a falta constitutiva do próprio objeto do desejo, esta anula a falta na medida em que o sujeito se nega a aceitá-la, apegando-se ferrenhamente ao objeto tomado na sua materialidade sensual. A segunda, diz respeito ao estatuto da perda e da falta – enquanto esta é aquilo que define o objeto do desejo (este nunca existiu, não passa de positivação do nada), aquela faz da falta uma perda, isto é, anula a falta na medida em que coloca no seu lugar um objeto perdido (mas esse objeto, por definição, sempre esteve perdido).
A partir disso, o que temos é um desencanto da memória na medida em que o sujeito se mantém intrinsecamente vinculado ao objeto perdido; ou seja: o que temos é uma memória que aprendeu a anular toda expressão (e que explica o tom quase coloquial, como se o personagem nos tomasse como cúmplices dessas memórias obscenas de sua vida, que vemos algumas vezes em cena; temos a impressão de termos deixado o teatro e passado a ouvir as confissões indiferentes de um melancólico), de modo que a descrição desse passado adquira um valor de pura exposição. Com essa expressão, “pura exposição”, nos referimos ao caráter meramente imaginário que procura recobrir tudo em uma simples aparição. Para tornar mais claro isso, poderíamos nos remeter ao interminável falatório da peça, em que temos a impressão que o personagem sente uma íntima necessidade de “dizer tudo” sobre seu passado, sobre sua amada Soninho. Ora, esse dizer tudo implica precisamente na anulação de qualquer “dito”, de seu conteúdo, a fim de reduzi-lo a um objeto. Assim, ao anular todo o conteúdo nesse dizer tudo (o que nos importa saber o sentido do que é dito, quando se quer dizer tudo, quando a fala não se decide por nada, embaralhando um amontoado de lembranças em uma imagem absoluta?), ele é reduzido a um objeto em sua imediaticidade, algo aparente que pode ser completamente assimilado na sua descrição narrativa.
Dessa forma, o estatuto do amor se vincula a essa disposição melancólica do personagem principal com relação ao objeto perdido. O amor é concebido como adoração de um objeto sublime, ou seja, um objeto banal e ordinário que é sublimado de modo a se tornar inacessível e desumanizado. Ao contrário disso, amar significa ver no objeto de desejo essa falta inerente a sua constituição. Em outras palavras, significa que deixamos aberta a lacuna que separa, no próprio objeto do amor, aquilo que nele é banal, ridículo, com aquele algo mais que não conseguimos definir. No entanto, Soninho é este puro “algo mais” do qual o protagonista não consegue abdicar. E se às vezes ele nos mostra ela no seu aspecto ridículo, é somente para ridicularizar seu objeto de desejo de uma distância segura, isto é, sem envolver sua identificação narcísica com esse “algo mais”. Em outras palavras, ele preserva esse “algo mais” mesmo quando denigre a imagem de seu objeto amado, pois Soninho sempre volta para assombrar sua vida.
É nesse ponto que podemos vincular as canções que suscitam passagens da vida do personagem com o estatuto do objeto perdido: as canções possibilitam que esse objeto seja assegurado para sempre, que o amor seja transferido para um “tempo eterno”, não sujeito à passagem e ao esquecimento. É nesse sentido que a verdade do encontro amoroso da qual o sujeito é o suporte – para usar a terminologia de Badiou – é negada na medida em que o sujeito transforma o objeto do desejo em objeto precioso (“algo mais”, “identificação narcísica com o objeto perdido”), guardando-o nas suas velhas caixas repletas de revistas e fitas, misturado a antigas e ultrapassadas canções de amor, solidão, morte. Assim, quando ele remexe essas caixas velhas, ele pode se deparar com um imenso gozo ao contemplar essa joia rara que incorpora esse objeto sublime, inacessível e impossível. Ora, se esse passado só se materializa através da trilha sonora, é porque ambas compartilham da mesma estrutura: as canções gravadas na banda metálica da fita cassete, mercadoria obsoleta que resiste a ser deixada de lado, se aderem aos momentos vividos que insistem em serem reproduzidos – seja no aparelho de rádio, seja na encenação da memória do personagem.
O desfile incessante de temas musicais que remetem a fatos do passado, a sensações vividas, testemunha essa recusa em esquecer o objeto. Trata-se para ele de manter-se fiel ao objeto do desejo enquanto objeto perdido e inacessível (ou melhor, só acessível enquanto retido na sua perda) e que, paradoxalmente, lhe permite a imersão nos novos objetos dispostos pelo mercado (cds, ipods, etc.) e em novos relacionamentos amorosos, mas somente enquanto eles trazem a marca desse objeto perdido. E não seria essa a disposição melancólica que caracteriza fundamentalmente nossa “era pós-moderna”? Apegar-se a um enraizamento étnico e cultural enquanto nos deixamos livres para aderir às regras do mercado? Não é à toa que tantos se sentiram identificados com a história. Vejam que o teatro nunca está desprovido de implicações políticas, mesmo quando pretende vestir a roupagem de um para além de todas as ideologias.
Trata-se, definitivamente, de uma peça a ser esquecida e que condiz muito bem com o espaço mumificado do Teatro São Pedro.

*André Susin é Mestre em Filosofia - UFRGS e ator do Grupo Válvula de Escape.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

SEMANA IVO BENDER - 50 ANOS DE TEATRO



de 23 a 29 de maio
Em homenagem aos 50 anos de carreira do professor, escritor, tradutor e dramaturgo Ivo Bender, a Secretaria Municipal da Cultura em parceria com o SESC-RS realizará de 23 a 29 de maio a SEMANA IVO BENDER. Serão sete dias de atividades que integram a programação do 6º Festival Palco Giratório Sesc - POA.

PROGRAMAÇÃO:


23 de maio
 - ABERTURA

• Exposição IVO BENDER - O SENHOR DAS LETRAS
Saguão do Centro Municipal de Cultura Lupicínio Rodrigues
Até 27 de junho
Curadoria Raquel Pilger e Betha Medeiros

 Pequenas Leituras dramáticas
Teatro Renascença às 20h
A história de Brau Lopes e o boi dos chifres de ouro
Criação e atuação Raquel Pilger
Casinha Pequenina
Direção Marcelo Adams

24 de maio
• Leitura Dramática
Colheita de cinzas - 1941
Teatro Renascença | às 20h
Direção Liane Venturella

25 de maio
• Leitura Dramática
Sexta-feira das paixões
Sala Álvaro Moreyra | às 20h
Direção Luiz Paulo Vasconcellos

26 de maio
• Leitura Dramática
Quem roubou meu anabela?
Sala Álvaro Moreyra | às 20h
Direção Marcelo Adams

27, 28 e 29 de maio
• Espetáculo
Cabaré do Ivo
Sala Álvaro Moreyra |às 20h
Grupo Experimental de Teatro/SMC
Direção Geral Mauricio Guzinski

28 e 29 de maio
• Espetáculo para crianças
O Macaco e a Velha
Sala Álvaro Moreyra às 16h
Direção Deborah Finocchiaro

quinta-feira, 19 de maio de 2011

SAVANA GLACIAL - Comentário Crítico


“A memória é uma ilha de edição”

A frase do poeta Waly Salomão vale não apenas para as lembranças daquilo que vivemos, mas também do que sonhamos. Utilizo-me do texto do grande poeta Salomão, para discorrer sobre “Savana Glacial”, espetáculo do Grupo Físico de Teatro que esteve na programação do 6º Palco Giratório em Porto Alegre e que circulou em algumas cidades do estado.
Savana Glacial se fragmenta como a mente da personagem Meg, que sofre de perda de memória recente, isolada em seu apartamento com o marido, o escritor Michel. A vizinha Agatha invade a privacidade do casal, criando um jogo de verdades e mentiras, ficção e realidade. A trama envolve ainda um quarto personagem, o motoqueiro  Nuno, uma espécie de elo com a realidade, escancarando uma obra aberta com referências à edição cinematográfica, promovendo fusões que desafiam as certezas e as incertezas do que se vê ou se vive.
O espetáculo propõe um jogo entre realidade(s) e ficção. Digo realidade(s), pois no momento em que a realidade se fragmenta, e não temos uma verdade absoluta, qualquer um dos personagens pode estar vivendo uma realidade, uma ilusão ou uma projeção da sua mente. A personagem Meg é quem tem uma mente fragmentada, mas existe uma linha muito tênue entre o que é real e o que é ficção em sua vida, e na vida dos personagens que a circundam, oscilando sempre o foco da trama. Quem está contando a verdade (se é que existem verdades)? Quem está propondo o jogo? O marido realmente mente, ou tudo faz parte de um jogo da vizinha? O que é verdade? O que é ficção? E qual é a fronteira dentro deste jogo?
Logo no inicio, Michel – o marido e escritor – nos informa: “Tudo é ficção”, “Tudo é falso”, “menos a dor, a dor é real”, o que se confirma através da estrutura do espetáculo, onde somos levados a percorrer um quebra-cabeça através da perspectiva de Meg, a esposa que recentemente sofrerá um acidente e está em recuperação. Depois disso, o que ocorre é pura vertigem, onde somos levados a entrar e sair deste jogo proposto, ir de um extremo ao outro, ocorrendo uma espécie de metateatro, colocando o teatro dentro do teatro, em situações, cenas, nos personagens (o escritor, por exemplo, que está escrevendo uma peça de teatro), no corte cinematográfico das cenas, na repetição, nas pausas e silêncios e na suspensão. Tudo dentro de uma estrutura espetacular fragmentada e teatralizada.   Refiro-me a teatralização, mas não querendo supor que a teatralização consista simplesmente em opor a realidade da ficção. Não se trata de opor o teatro ao não-teatro. Antes, de tudo é teatro. E “Savana Glacial” é um ótimo teatro e coloca em xeque está relação do que é real, do que é ficção, do que é teatro e principalmente expõe e demarca as fronteiras entre teatro/realidade/ficção mesmo que  não saibamos apontar onde está linha fronteiriça.
Quanto à encenação é louvável a utilização da fisicalidade em cena. Percebemos que a pesquisa do grupo é centrada no uso da ação física dentro do teatro contemporâneo, até pelo nome do grupo, mas a proposta do grupo passa longe do clichê, quando falamos na utilização de partituras em cena, tudo está dentro da proposta, ajustado e contextualizado. Ações e gestualidade na medida certa, onde não há espaço para atores que querem demonstrar a sua virtuose física. Pelo contrário, temos um espetáculo movido pela fisicalidade sofisticada, pela repetição e sutileza de ações físicas, mas absolutamente dentro de uma concepção, que eu credito ao diretor que soube explorar a espacialidade, a limpeza das marcas, a utilização de linhas geométricas, o ritmo e harmonia dos signos expostos em cena. Cito a cena da relação sexual do casal Meg e Michel. Extremamente bela e bruta; física e intensa, racional (na execução) e emocional cravando ali o tom do espetáculo, referente à fisicalidade que provoca tensão no espectador.   Ainda sobre o espaço cênico, como é bom ver a funcionalidade das luminárias e abajures, dando climas e demarcando espaços essenciais a trama, que somados a excelente trilha sonora de Jamba, que pontua, corta e interfere diretamente no espetáculo. A trilha é uma das responsáveis por me provocar esta linha de tensão juntamente com a estrutura caótica da peça.  Assistimos a um espetáculo que se utiliza de poucos recursos para provocar múltiplas possibilidades de leitura frente a trama.
Quanto aos atores, assistimos a um competente time, e falo time, pois o elenco joga junto e isto é maravilhoso de se ver em cena, quando não temos protagonistas e coadjuvantes, mas sim um elenco que te arrebata por inteiro. Teatro de grupo, onde o equilíbrio é evidente. Os quatro atores são ótimos: Andreza Bittencourt, Camila Gama, Diogo Carvalho e Renato Liveira. Diogo Cardoso que interpreta o motoqueiro Nuno, tem uma participação pequena, mas não menos importante, pois é um dos vetores da trama e digo que ele é ótimo, assim como Andreza (pela força em cena), Camila (pela presença) e Renato (pela precisão e naturalidade). Renato Carrera brilha com sua direção precisa e segura e Jô Bilac mais uma vez surpreende e afirma porque é o grande destaque da temporada, justamente em tempos em que o autor não tem seu lugar de destaque no teatro, Jô reaviva a tradição do autor. Viva os dramaturgos!
Acesse o blog do GRUPO FÍSICO DE TEATRO  



segunda-feira, 16 de maio de 2011

"SAVANA GLACIAL" em Montenegro


Savana Glacial
Físico de Teatro (RJ)
TEATRO ADULTO
Savana Glacial se fragmenta como a mente da personagem Meg, que sofre de perda de memória recente, isolada em seu apartamento com o marido, o escritor Michel. A vizinha Agatha invade a privacidade do casal, criando um jogo de verdades e mentiras, ficção e realidade. A trama envolve ainda um quarto personagem, o motoqueiro  Nuno, uma espécie de elo com a realidade, escancarando uma obra aberta com referências à edição cinematográfica, promovendo fusões que desafiam as certezas e as incertezas do que se vê ou se vive .
Ficha técnica:
Idealização: Camila Gama e Renato Livera
Texto: Jô Bilac
Direção: Renato Carrera
Elenco: Andreza Bittencourt, Camila Gama, Diogo Cardoso e Renato Livera.
Iluminação: Renato Machado
Trilha sonora original: Jamba
Direção de Movimento: Lavínia Bizzotto
Cenário: Mariana Ribas
Figurino: Flávio Souza
Texto: Jô Bilac
Classificação etária: 16 anos
Duração: 75 min
Horário: 20h

Montenegro – 17/05
Local: Teatro Therezinha Petry Cardona ( rua Capitão Porfírio, 2205- centro)