sábado, 28 de agosto de 2010

IMAGENS DO ENSAIO ABERTO

DENTROFORA em São Paulo



Depois de realizar várias temporadas de sucesso em Porto Alegre, chega a São Paulo mais esse sucesso gaúcho e que destacamos por aqui.
Em setembro, a Inconformada Companhia de Moda, Design e Teatro (In.Co.Mo.De-Te) apresenta a peça DentroFora. Inspirada em Hide and Seek, texto do escritor americano Paul Auster, e influenciada por obras como Esperando Godot, de Samuel Beckett, DentroFora é uma metáfora sobre o homem contemporâneo e sua imobilidade frente ao cotidiano. A peça será encenada do dia 2 ao 5 e de 9 a 12, na sede do Itaú Cultural, em São Paulo.
Dirigido por Carlos Ramiro Fensterseifer, o espetáculo traz duas personagens - chamados homem e mulher - que estão presos cada um em uma caixa. Interpretados por Nelson Diniz e Liane Venturella, eles discutem sua condição, suas memórias e o sentido de situações, palavras e vontades.
DentroFora estreou em 2009 e é a mais recente montagem do In.Co.Mo.De-Te. Foi indicada ao Prêmio Açorianos de Teatro 2009 em oito categorias (melhor espetáculo, direção, melhor ator, melhor atriz, iluminação, trilha sonora, figurino, cenário), e foi selecionada para o Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto.
DentroFora quinta a domingo 5 setembro
quinta 
a domingo 12 setembro
sempre às 
20h
entrada franca - ingresso distribuído com meia hora de antecedência não recomendado para menores de 14 anos
Itaú Cultural | Avenida Paulista 149 - Paraíso - São Paulo SP [próximo à estação Brigadeiro do metrô] | informações 11 2168 1777 | www.itaucultural.org.br
imagem:Nelson Diniz | foto: Alex Ramirez/divulgação

terça-feira, 24 de agosto de 2010

NAUFRÁGOS, espetáculo do RJ em Montenegro!

 Na 5ª feira tem o espetáculo "NAUFRÁGOS" diretamente do Rj, com a presença de um velho conhecido do público gaúcho, o ator Marcelo Aquino, atualmente radicado no Rio, Marcelo Aquino faz parte de uma geração de atores gaúchos que participou de diversos grupos e espetáculos de muito sucesso em nossos palcos. Vou citar apenas alguns que eu pude assistir como: " A HISTÓRIA DO PRÍNCIPE QUE NASCEU AZUL", espetáculo infantil encantador e lindo, "O AUTO DA COMPADECIDA" e o "PAGADOR DE PROMESSAS", ambos pelo Depósito de Teatro no auge do Grupo. Enfim, apenas para citar alguns. Então vale a pena conferir mais uma promoção do SESC Montenegro. 

SERVIÇO
26/08- quinta-feira
as 20h
no Teatro Therezinha Petry Cardona
Ingressos:
 R$. 5,00 comerciários, estudantes, artistas e acima de 60 anos
                R$. 10,00 empresários
                R$. 15,00 público em geral

Cia. ESPAÇO EM BRANCO apresenta sua AGENDA para 2º Semestre!

Cartaz_ALICE_ilustração Talita Hoffmann.jpgAmigos, a agenda da Cia. Espaço em BRANCO está cheia nesse segundo semestre de 2010!

A Cia. vai estrear dois novos espetáculos: Anatomia da Boneca  e  A Fome ! 

Voltará a apresentar Em Trânsito com entrada franca, Homem que não vive da glória do passado no Porto Alegre em Cena. 

ALICE faz curta temporada na Galeria La Photo, se apresenta no Caxias em Cena e no Teat(r)o Oficina em São Paulo. Vejam a programação abaixo e no link


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Cia. Espaço em BRANCO

AGENDA 2º SEMESTRE 2010

Anatomia da Boneca
Caxias do Sul/RS:
ESTRÉIA: 1 de setembro (qua) às 20h
Caxias em Cena
Teatro do Sesc


ALICE
Porto Alegre/RS:
2, 3, 4 de setembro (qui, sex e sáb) às 20h
13 de setembro  (seg) às  19h30.
Galeria La Photo
(Travessa  da Paz, 44, Bairro Bom Fim. 51-32216730)
Caxias do Sul/RS:
18 de setembro (sáb) às 20h
Caxias em Cena
São Paulo/SP:
6, 13, 20, 27 de outubro (qua) às 21h
Teat(r)o Oficina
(Rua Jaceguay, 520, Bixiga. 11-31062818)


Em Trânsito
Porto Alegre/RS:
8, 15, 22, 29 de setembro (qua) às 12h30 e 19h30
ENTRADA FRANCA
Sala Alziro Azevedo
(Av. Salgado Filho, 340. 51-33084372/74)


 Homem que não vive da glória do passado
Porto Alegre/RS:
                23 de setembro (qui) às 22h
                Porto Alegre em Cena
                Teatro de Câmara Túlio Piva
                (Rua da República, 575. 51- 32898093/94)


A Fome
Porto Alegre/RS:
                ESTRÉIA: 3, 10, 17, 24 de novembro (qua) às 22h
                Espaço OX
                (Rua João Telles esquina Av. Osvaldo Aranha. 51- 33121347)

  

OS ESPETÁCULOS

Anatomia da Boneca

O espetáculo/performance multimídia Anatomia da Boneca é um processo  investigativo em torno do universo feminino e da performance-arte como território de amplificação das fronteiras do teatro e dos artistas do corpo. O projeto utiliza o hibridismo de linguagens para a criação e execução do trabalho: intervenções performáticas em lugares inusitados, fotografia como performance e vídeos editados em tempo real na cena. Anatomia da Boneca é a construção do feminino via o inorgânico, ou seja, do ponto de vista da boneca. Nossa surpresa ao começar o processo de dissecação do corpo feminino foi não encontrarmos vísceras e sangue, mas outras mulheres, imagens e comportamentos. Aqui o feminino não é ser geneticamente mulher, com o sexo, mas é uma construção de comportamento, definida pelo cenário de cada cultura social e estética. O feminino se dá por ação, ou seja, uma construção, em última análise, performática. Anatomia da Boneca é a viagem através destes comportamentos-fantasmas que achamos em nossa cirurgia sensível, uma devolução pública da matéria pública que nos forma. Judith Butler, no livro Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity, estabelece interlocuções com diferentes autoras, entre as quais destaca-se Simone de Beauvoir. No debate com a escritora, Butler indica os limites dessas análises de gênero que, segundo ela, pressupõem e definem por antecipação as possibilidades das configurações imagináveis e realizáveis de gênero na cultura. Partindo da emblemática afirmação "A gente não nasce mulher, torna-se mulher", Butler aponta para o fato de que "não há nada em sua explicação [de Beauvoir] que garanta que o 'ser' que se torna mulher seja necessariamente fêmea".

Criação: Andressa Cantergiani e João de Ricardo
Performance e dramaturgia: Andressa Cantergiani
Direção, vídeo ao vivo e dramaturgia: João de Ricardo
Criação de videos: Fernanda FerrettiLívia MasseiAndressa Cantergiani e João de Ricardo
Criação de luz: Carina Sehn
Figurino: Andressa dos Anjos
Próteses corporais: Cisco Vasquez
Preparação e Orientação de Movimento: Evandro Pedroni
Espaço e adereços: Andressa Cantergiani e João de Ricardo
Trilha Sonora: Barracuda Project
Produção: Sheila Zago
Fotos: Carlo Vidor e Geraldine Moojen
Assessoria de comunicação: sujeito_coletivo

 anatomiadaboneca.jpg




ALICE

Espetáculo livremente inspirado nos livros de Lewis Carroll. Convidados de um banquete de Desaniversário, a Hora do Chá, o público é parte do jogo de cartas, do jogo da peça.  Aborda o universo nonsense das obras originais através da performance art, propondo o diálogo entre tecnologias, a autonomia do performer e a liquefação das barreiras entre arte e vida, bem como entre palco e platéia. ALICE é um convite a vivenciar o País das Coincidências, o encontro entre obra e público quer celebrar-se, depende de todos construir a jornada.

Direção e Atuação: Sissi Venturin
Orientação: Tatiana Cardoso


Iluminação: João de Ricardo
Operação de video e áudio: Leonardo Remor
Direção e Arte dos vídeos: Sissi Venturin e Leonardo Remor
Fotografia e Montagem dos vídeos: Tiago Coelho
Finalização de vídeo e áudio: Marcos Lopes

Ilustração e Design Gráfico: Talita Hoffmann
Colaboração criativa, afetiva e intuitiva:
Marina MendoLeonardo Machado e João de Ricardo
Apoio: Grupo Falus & Stercus



 Cartaz_ALICE_ilustração Talita Hoffmann.jpg




Em Trânsito

Peça escrita durante o processo de construção de Teresa e o Aquário pelo diretor João de Ricardo, com inspiração nos trabalhos de improvisação e relatos do ator Lisandro Bellotto. O Homem de Em Trânsito é solteiro, sem filhos, cultiva relações superficiais e passageiras com parceiros diversos sem nomes, muitas vezes sem rostos; sente-se perdido e está altamente violentado pela sociedade que o cerca. Há amargura em seu cotidiano, suas memórias de infância se tornam uma fuga prazerosa. Ele está dentro de seu carro, preso num congestionamento, lá fora cai uma chuva torrencial, é inverno. Seu celular toca insistentemente, o Homem sem atender a ligação, enfurecido, devaneia sobre sua vida, seus desejos e sua infância.



Direção e Produção:  Sissi Venturin
Atuação:  Lisandro Bellotto
Dramaturgia e videos:  João de Ricardo
Sonoplastia e Figurino:  Sissi Venturin
Foto:  Bruno Gularte Barreto


 Em Trânsito_foto Bruno Gularte Barreto_3.jpg



Homem que Não Vive da Glória do Passado

Performance coletiva que questiona a solidão e o bizarro desejo de sucesso que acompanham o homem contemporâneo. Irônica e surreal história de um cara comum, mais um desses ilhados no fundo de seus apartamentos, só tendo contato com a vida através das telas de computador e da televisão. Um João que se vê desafiado por uma situação limite: certo dia, sem nenhuma explicação, todas as mulheres do mundo morrem.  João terá que tomar decisões drásticas para continuar vivo. Decisões que o colocarão frente a frente com os limites da sua "civilização", mas poderão torná-lo um homem de sucesso.



Direção e Dramaturgia:  Bruno Gularte Barreto e João de Ricardo


Performer:  João de Ricardo
Iluminação:  Carina Sehn
Sonoplastia:  Douglas Dickel
Vídeos:  Bruno Gularte Barreto e João de Ricardo
Câmera, Assistência geral e de multimídia:  Pedro Karam
Assistência e finalização de multimídia: Caroline Barrueco
Produção e Assistência de Direção:  Sissi Venturin
Foto:  Bruno Gularte Barreto


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A Fome

A Fome é o segundo monólogo da Trilogia da Morte, precedido da peça Parque de Diversões. Em cena, a atriz vive uma mulher em mais uma sessão de análise, os espectadores cumprem o papel de cúmplices, os ouvintes a quem a personagem irá contar o motivo de ser aquela uma sessão especial. Num diálogo pessoal, a relação traçada entre palco e platéia é mais que confidencial. A personagem atravessa como numa balsa os pontos de vista sobre uma trajetória, uma ponte na memória... Durante o desenrolar da situação, o relato, cheio de ironia, é um gole seco de veneno no ouvido. A cena beira o absurdo, seu drama foge ao realismo e entra num clima fantástico e delirante. O amor é, claro, guia desse percurso, embriagado, armado, machucado. Não se trata de uma abordagem superficial do tema, mas epidérmica com certeza.

Dramaturgia: Marcos Contreras e Sissi Venturin
Direção e atuação: Sissi Venturin
Iluminação: Carina Sehn

CONTATOS



quarta-feira, 18 de agosto de 2010

CENA EM CONSTRUÇÃO - 1ª EDIÇÃO ENSAIO ABERTO

Válvula de Escape  apresenta o Projeto
CENA EM CONSTRUÇÃO – 1ª Edição.

O Projeto CENA EM CONSTRUÇÃO é um espaço dedicado a revelar o processo de criação do Grupo Válvula de Escape. O objetivo é possibilitar que o público possa acompanhar o processo de criação de um espetáculo ainda na fase de criação.  Na 1ª edição do Projeto que acontecerá no dia 25 de agosto as 19:30 hs no Subsolo da Estação da Cultura, o “Válvula de Escape” estará compartilhando algumas cenas do seu espetáculo “Macabéa: Una furtiva lacrima”, que pretende estreiar no dia 27 de novembro.  Esta ação possibilitará ao grupo experimentar junto ao público novas formas de se relacionar, repensando o espaço público e abrindo brechas para uma participação ativa do espectador no processo criativo do grupo, assistindo e comentando no debate que ocorerrá logo após o ensaio, tratando sobre temas que envolvem a criação teatral e a criação dentro de um coletivo. Ou seja, depois das sugestões do espectador, o grupo retorna a sala de trabalho e reformula algumas cenas já criadas, partindo das sugestões do público. A próxima edição do projeto acontecerá em outubro. O Válvula de Escape conta com a direção de Diego Ferreira e no elenco estão os seguintes atores: Adriana Kordnorfer, Ana Denise Ülrich, Gabriela Tain Bessi, Martina Nichel, Leonardo Nunes e Lucimaura Rodrigues, contando ainda com a participação do músico Elton Ambrozi.    

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

EDITAL PARA SELEÇÃO DE PROJETOS CULTURAIS DOS CORREIOS

Alô pessoal, nem todos sabem, mas além de ator e diretor de teatro, eu ainda sou funcionário público do governo, trabalho há 8 anos na ECT - Correios, e venho divulgar aqui a abertura do edital para seleção de projetos culturais, já que eu não posso participar na condição de funcionário, alerto aos demais colegas. Abaixo mais algumas informações, e todo o edital vocês encontram no site http://www.correios.com.br/ ou através deste  link:

Correios publica editais de inscrição de projetos culturais

Foram lançados ontem, 26/7, os Editais para Seleção de Projetos da Área Cultural a serem patrocinados pelos Correios entre janeiro de 2011 e setembro de 2012, nos seguintes segmentos: Artes Cênicas – Dança, Artes Cênicas – Teatro, Artes Visuais, Artes Integradas, Humanidades – obra literária, Humanidades - evento literário e programa de incentivo à leitura, Audiovisual e Música.

Na área cultural, os Correios priorizam projetos que sejam compatíveis com o foco definido para cada segmento, preservem a cultura regional, sejam genuinamente brasileiros, possibilitem o acesso de qualquer cidadão e estejam inscritos na Lei Federal de incentivo (Lei Rouanet).

As inscrições dos projetos poderão ser feitas até 31/8/2010 e as datas previstas para o resultado são 8/11/2010, para os editais dos Centros e Espaços Culturais, e 13/12/2010 para o Edital Cultural. Mais informações podem ser obtidas no site www.correios.com.br.


quarta-feira, 4 de agosto de 2010

CIRCUITO DE HUMOR SESC - 1ª ESTAÇÃO NELSON FREITAS

Pessoal, essas são as próximas atrações do SESC Montenegro, no dia 7, sábado as 20 hs no Teatro Roberto Athayde Cardona, será a vez de Nelson Freitas, com seu stand-up dirigido pelo Chico Anisio.
Ingressos a venda do Sesc.

domingo, 1 de agosto de 2010

FUTEBOL (EXÓTICO) PIQUENIQUE – URBAN PERFORMANCE


A art performance ou performance artistística é uma modalidade de manifestação artística interdisciplinar que - assim como o happening - pode combinar teatro, música, poesia ou vídeo. É característica da segunda metade do século XX, mas suas origens estão ligadas aos movimentos de vanguarda (dadaísmo, futurismo, Bauhaus, etc.) do início do século passado.
Difere do happening por ser mais cuidadosamente elaborada e não envolver necessariamente a participação dos espectadores. Em geral, segue um "roteiro" previamente definido, podendo ser reproduzida em outros momentos ou locais. É realizada para uma platéia quase sempre restrita ou mesmo ausente e, assim, depende de registros - através de fotografias, vídeos e/ou memoriais descritivos - para se tornar conhecida do público.
A performance foi introduzida durante a decada de 1960, pelo grupo Fluxus e, muito especialmente, através das obras de Joseph Beuys. Numa de suas performances, Beuys passou horas sozinho na Galeria Schmela, em Düsseldorf, com o rosto coberto de mel e folhas de ouro, carregando nos braços uma lebre morta, a quem comentava detalhes sobre as obras expostas. Em alguns momentos, as performances de outros artistas tiveram ligação direta com as obras de body art, especialmente através dos Ativistas de Viena, no final da década de 1960.


Utilizo esta pequena introdução sobre o conceito de Performance para discorrer sobre uma ação artística de deslocamento, na qual eu pude presenciar no inicio do mês de julho em Montenegro. Tomei a liberdade de dar um subtítulo para esta ação: EXÓTICO. Pois Exótico é o que vem de outras terras. Por extensão, é o estranho, o diferente, o que quebra parâmetros a que estamos acostumados.


                                                                                   Deslocar-se. Cartografar. Olhar e ser olhado.


Ação Artistica de deslocamento no Parque Centenário em Montenegro durante a 3ª Expomonte. Participantes da Ação: Ana Denise Ulrich, Fabrízio Rodrigues, Pamela Irion e Patrick Aozani Moraes Fotos Daniel Finger, Vídeo Daniel Barcellos Figurinos, maquiagem e cabelos Fabrízio Rodrigues, Pesquisa Poética Fabrízio Rodrigues.










No inicio de julho, dentro da programação da Expomonte, pude conferir de perto a ação artística de deslocamento do multi-artista Fabrízio Rodrigues e sua trupe formada por Ana Denise Ülrich (Atriz do Válvula de Escape), Pamela Irion (Aluna da Oficina do Válvula de Escape) e Patrick Aozoni. Eles propiciaram aos transeuntes uma proposta diferente das propostas comumente apresentadas nesta cidade, e das propostas apresentadas em uma feira como esta.
Na verdade, a proposta tratava-se de uma performance, na qual o público era instigado a acompanhar e através de um deslocamento pensar (captar!) imagens sobre a ação e talvez reagir sobre o fato ocorrido. Através de uma simples ação, o público acompanha aqueles corpos exóticos, figuras alegóricas, produzidas e deslocadas do ambiente comum, digo deslocadas pelo fato de estarem vestidas de modo diferente, maquiadas teatralmente, estilizadas, deslocadas do cotidiano, parecendo seres de outro mundo. Mas que mundo é este, pergunto? Qual a proposta e objetivo de uma ação como esta? Qual seria a INTENÇÃO da criação deste novo mundo ficcional, mas ao mesmo tempo real, real por se tratar de uma ação cotidiana, por exemplo, fazer um piquenique, mas posso classificar como ficcional partindo de questões como: quem são aquelas pessoas que estão participando do piquenique e porque estão participando? Porque se comportam daquele jeito, de maneira quase ritualística, onde cada gesto, cada movimento é calculado, parecendo que estão sempre querendo buscar o melhor ângulo para o registro de uma foto. Seria puro exibicionismo? Não sei, creio que não, sabendo a priori que ações como esta, são embasadas em teorias e referenciais, servindo como experimento para futuros trabalhos em andamento. A arte contemporânea é instigante justamente por não entregar ao público um resultado fácil, degustável, limpo, pelo contrário, cada obra ou ação vem acompanhada de um infinito numero de signos e cada um destes signos carregados de significados. Um exemplo disso está nas Bienais de arte, onde uma maçã podre pode e é uma obra de arte contemporânea, mas onde estaria a arte em uma maça? Creio que está na rede de significados criados pelo artista, a partir dos seus referenciais, de como ele olha aquele objeto e o transforma em um objeto artístico. Nesta ação de deslocamento poderíamos enxergar através desta ótica, onde um agrupamento de artistas-performers agem e reagem entre si, mas sem uma explicação lógica, de uma leitura, de uma história. Por isso que eu mesmo ouvi reações como: o que eles querem com isso? Quem são esses malucos? Nossa, eles estão muito bonitos! Será que posso sentar junto? Algumas expressões dos transeuntes, que foram pegos de surpresa e acharam no mínimo esquisito a ação, mas por que esquisito? Talvez pelo fato de a performance não contar uma história como a das novelas, não sei, enfim! Estamos acostumados a receber demasiadas informações, a todo o momento, de todos os lados e de todo tipo, mas dificilmente partilhamos esta informação com o emissor. E é essa presença que torna toda essa loucura em um grande ato louvável, o momento da comunicação.
O engraçado desta intervenção foi perceber como o simples ato de observar pessoas se deslocando e se preparando para o seu piquenique pudesse desassossegar tanto ao público. Reparo nisso, não apenas pelo fato de muitas pessoas não sentirem-se tocadas pelas propostas de arte contemporânea, ou de boa parte dos espectadores ainda deslocarem-se de seus espaços para acompanharem aquela ação buscando paralelos com uma apresentação teatral, televisiva ou coisa parecida. Mas foi possível perceber como uma simples ação pode promover tantas reações no público.

Neste sentido, a experiência me levou a refletir sobre este gesto no mundo atual. Porém, a discussão aqui não é tão simplista, uma vez que, num mundo contemporâneo, cada vez mais individualista e virtual, as pessoas estão desacostumadas a partilhar de comunicação ao vivo e a cores. E é este tipo de comunicação que nos faz avançar e repensar várias coisas em nossas vidas, possibilitando uma impressão nova, passível de reflexão sobre acontecimentos do cotidiano. Portanto, finalizo este comentário ressaltando a necessidade de outras propostas artísticas nesta cidade que dialoguem com outras formas de expressão, reverberando na intertextualidade derivada da intersecção das mais diversas linguagens artísticas. Além disso, congratulo Fabrízio pela iniciativa por nos propiciar a experiência de refletir sobre o fato de que, ao comer e beber em um piquenique público, comemos e bebemos também os nossos padrões de conceitos e abrem-se as janelas para reflexões sobre a comunicação em uma sociedade contemporânea cheia de recursos tecnológicos, mas que se não utilizados com inteligência, não comunicam nada, comunicação esta no sentido de afetos e sentimentos.


Para conhecer o trabalho de Fabrízio Rodrigues acesse o Blog: http://fabriziorodriguesartes.blogspot.com/