domingo, 27 de dezembro de 2009

Porto Verão Alegre 2010!


Fim de ano se aproxima e com isso mais um Festival Porto Verão Alegre vem junto. Segue abaixo a programação com os espetáculos. Nos próximos dias destacarei alguns, mas uma olhada rápida na grade de programação percebo que há poucas novidades. Bom apetite aos teatreiros!
CLICK AQUI NO LINK: PROGRAMAÇÃO PORTO VERÃO ALEGRE 2010

sábado, 26 de dezembro de 2009

JODOROWSKY: Sonho, magia e desrazão.




Alejandro Jodorowsky é uma entidade metafísica cujo nome está em toda parte e cujos filmes não se veem em lugar algum. Maldito e endeusado na indústria cinematográfica, ele tem uma presença no teatro, nos quadrinhos, na literatura e em dezenas de outros canais por onde jorra sem cessar sua torrente de sincretismo criativo entre diferentes linguagens e diferentes culturas. Através de uma amiga que me emprestou um box contendo quatro Dvd's deste mestre pude conhecer e de imediato me curvar a este que sem dúvida nenhuma é um dos mestres do cinema mundial, mas que não é reconhecido como. O primeiro filme a que assisti foi "La Cravate".

Este filme é de 1957, filmado em Paris, onde Jodorowsky fazia as suas primeiras experimentações no mundo das imagens em movimento. Este filme é uma versão muda para um conto de Thomas Mann. O filme é ingênuo, belo, completamente absurdo e surral, marca registrada deste diretor. Logo em seguida, assisti ao próximo filme: The Holy Mountain - A montanha sagrada, de 1973. Esta foi a grande obra ovacionada no Festival de Cannes de 1973. Eu nunca tinha visto algo como este filme. Absurdo, visionário, uma viagem alucinógena que trabalha os sentidos do espectador. Fiquei impressionado diante da cascata de imagens que pareciam inesgotáveis de invenção. Senti uma rede de vasos comunicantes, que se passam pela semelhança entre formas diversas. Isso se confirma em todas as suas obras. A mim, vem a idéia de que seu elemento mais crucial é o espetáculo, o grande espetáculo, prodigioso, que fascina e enfeitiça; mas um espetáculo que põe em cena um universo subversivo. Teatral!

Cineasta, dramaturgo, literato, ensaísta, quadrinista, tarólogo e especialista em psicomagia, Jodorowsky é fundador do Teatro Pânico, com os surrealistas espanhóis Fernando Arrabal e Torpor. Baseado em uma performance-art escrita por Arrabal, Fando & Lis é outro filme de Jodo sendo um mostruário de personagens perdidos que transitam por labirintos caminhos da imcomunicabilidade. Enfim, Jodorowsky é um inventivo diretor e pode sim, influenciar toda uma nova geração de cineastas e porque não atores e diretores teatrais, pois suas obras exalam criatividade, sonho, magia e desrazão, pois foge da linearidade da fábula criando um cinema surreal e pós-dramático, termo utilizado por Thomas Lemann para o teatro que pode ser utilizado aqui, pelo menos o vejo como um pós-algo-alguma-coisa-dramática-enfim, sei-lá.... Urgentemente precisa ser visto, divulgado e degustado como um clássico cinematrográfico. E o SESC brilhantemente está cumprindo o seu papel, e este ano de 2009 propos a Mostra Jodorowsky, tentando com isso, potencializar a qualidade revolucionária deste visionário. Viva ao SESC! Viva ao Jodorowsky!!!!

Pixação: Arte ou Barbárie!




Pixação: De acordo com a lei, é crime. Pela visão contemporânea, posso dizer que é arte. Enfim, o que posso afirmar é que é um assunto polêmico e que causa um grande conflito entre sociedade, cidadão e vândalos (barbáros!). Pixação é o ato de escrever ou rabiscar sobre muros, fachadas de edificações, asfalto de ruas ou monumentos, usando tinta em spray aerosol, dificilmente removível. No geral, são escritas frases ou insultos, assinaturas pessoais ou declarações de amor, embora a pixação seja tambpem utilizada como demarcação de território.


Bem, eu resido em Montenegro, interior do Rio Grande do Sul, e no feriado do Natal, eu fui visitar minha mãe que mora em Porto Alegre. Retornar a capital é sempre bom, pelo que a cidade tem a oferecer, mas como toda cidade grande tem seus prós e contras. Adoro Porto Alegre, fui morar no interior para concluir a minha faculdade, e assim que terminasse a faculdade eu voltaria a minha terra. Mas eu e minha esposa repensamos e resolvemos ficar por mais um tempo em Montenegro, pela tranqüilidade, segurança (ainda existe isso) e comodidade. Enfim, mas o propósito deste texto é para refletir sobre um dos contras que Porto Alegre oferece: a pixação (ou pichação, pois os dois termos podem ser aceitos). Enquanto você circula pela cidade, só se vê residências, prédios e comércio, pixados, marcados, sujos. Com isso vem a questão: Essa manifestação é Arte ou Barbárie? Entendo por barbárie algo muito simples, ou seja, que, estando na civilização do mais alto desenvolvimento tecnológico, as pessoas se encontram atrasadas de um modo peculiarmente disforme em relação a sua própria civilização, e não apenas por não terem em sua arrasadora maioria experimentado a formação nos termos correspondentes ao conceito de civilização, mas também por se encontrarem por uma agressividade primitiva, um ódio primitivo ou impulso de destruição, que contribui ainda mais o perigo que toda a civilização venha a explodir, aliás uma tendência que caracteriza esse movimento. Na minha opinião, pixação não é arte, é barbárie sim! E não venha me dizer que as pessoas precisam se expressar! Meu Deus, se para se expressar você precisa invadir o espaço dos outros, essa expressão já se torna um crime, uma agressão, e é isso que eu acho que a pixação é: uma agressão! Agressão aos olhos, a cidade, ao patrimônio público e privado. Grafite sim é arte, e arte das boas, pois os grafiteiros estão inseridos em um movimento, sendo que é um dos elementos do hip-hop. Esta maifestação tomou grandes proporções que saiu das ruas e foi parar dentro dos grandes centros de arte, nos museus de arte contemporânea e na academia. Mas pixação!!! O que estes barbáros tem em suas cabeças, quais serão os impulsos que os movem? Fico pensando: a pessoas sai de casa, vai a uma loja, abre a carteira, pega o dinheiro(?) e pede um spray para pixar, seguindo: espera chegar a calada da noite e inicia a sua arte (!), o seu modo de expressar, escalando prédios, monumentos e residências. E parece que quanto mais difíceis os acessos, mais status ganha o pixador.
Francamente, Porto Alegre, assim como os grandes centros urbanos, está horrível. Todas as direções que o meu olhar foca há uma pixação, uma escrita grosseira que tinge a cidade como um todo. Mas o que fazer? Punir, prender ou educar? Penso que sim, tem que haver uma punição, mas a educação é ainda a melhor forma de combater este mal que assola as metropóles. Educar para combater, tentando inverter a lógica, transformando um pichador em um artista, por exemplo, mas falar é fácil, não é? Claro que sim, mas ficar na inércia também é fácil, então, temos que pensar em táticas eficientes para transformar o pixador em um cidadão que respeite a sociedade. Isso é um desabafo, pois fiquei chocado com a visão que me deparei, já basta a visão triste que temos na entrada de Porto Alegre, com aqueles vilarejos instalados na beira da estrada, dando as boas vindas para os visitantes. Pô, vamos por o dedo na consciência e zelar pelo patrimônio que é nosso, do nosso olhar. Não a pichação!!! Sim a expressão!!!

domingo, 20 de dezembro de 2009

Dança na Estação da Cultura.


Acabo de retornar do complexo da Estação da Cultura, em Montenegro, onde assisti a um espetáculo muito bacana. Foi a realização do 3º Natal na Estação, e este ano a Prefeitura e a Secretaria da Cultura resolveram inovar. Ao invés do tradicional presépio de Natal, resolveu convidar as diversas companhias de dança da cidade, para juntas apresentarem trechos de seus repertórios. Dentre as Cias. estavam a sempre presente Troupe Xipô, o Studio Balancé, Nonô Jazz, Pliê e Cia, Ginga Brasil, Karima Dança do Ventre entre outras. Parabéns a organização pela mobilização e pela iniciativa, com certeza um belissimo espetáculo. É sempre bom ver que a Estação da Cultura está sendo bem utilizada, pois tem uma infra estrutura muito bacana. Cabe ressaltar que a Troupe Xipô está cada vez mais abrilhantando os nossos palcos. Quem diria que o Trabalho de conclusão dos bailarinos Susana Shoelkoff e Márcio Barreto, dariam frutos tão emocionantes. Cada vez que assisto ao trabalho da Troupe percebo que ali impera o profissionalismo e dedicação de artistas que realmente se intregam ao oficio do palco. E todos estão ali com um sorriso no rosto que transpassa para a platéia que fica boquiaberto com suas piruetas e coreografias. Vocês vão ouvir falar muito deste grupo de Montenegro. Sucesso ao Xipô e a todas as cias de dança da cidade das artes. Parabéns a SMEC e a todos os envolvidos!

sábado, 19 de dezembro de 2009

Retrospectiva 2009!


Rever, retornar, relembrar, rememorar! O que passou, passou e não torna a voltar! Certo, mas se pudermos pelo menos olhar para trás e rever os erros e acertos para quem sabe no próximo ano tentar reverter ou melhor fazer de outro modo aquili que não tenha saído de acordo com o que você esperava. Então cabe a mim aqui neste momento rever o ano que passou e repartir com outros. Bom, 2009 começou com enormes expectativas, ano de formatura na faculdade e a minha prioridade era esta, não queria me envolver com outros projetos. Mas como fugir das oportunidades. E foi pensando nisso que eu encarei um projeto de minhas colegas de faculdade Rosmeri Lorenzon e Tuti Kerber, que queriam montar um espetáculo sobre a velhice, e me convidaram para assumir a direção do espetáculo do grupo NEC. Não deu outra. Sem cogitar, aceitei o convite e me aventurei a assinar a minha primeira direção profissional. Iniciamos os ensaios em novembro e estreiamos em março, o espetáculo chamado WILMA E ELZA. Trabalhamos durante todo janeiro e fevereiro, em condições precárias, numa garagem minuscula, as vezes sem água e sem luz, na periferia de Montenegro. Ensaiavamos e eu retornava para casa para terminar de escrever o roteiro, além de assumir a direção, coube a mim fazer a dramaturgia da peça, nossa que responsabilidade. Foi uma correria só: ensaios, oficinas de maquiagem, reuniões de produção, corre atrás de marcenaria e ferreiros para a execução de cenários, corre atrás da figurinista, viaja para Porto Alegre para comprar tecidos e perucas, sessão de fotos aqui, pega empréstimo acolá e o escambau! Enfim, uma semana antes da estreia fizemos um ensaio aberto para a produtora e alguns amigos! E vem uma ducha de água fria, pois todos caem em cima do espetáculo, do diretor, do dramaturgo (principalmente), da concepção, enfim! Respiramos juntos, e trabalhamos a semana inteira para tentarmos fazer algumas alterações. Estreiamos na cidade de Brochier com casa lotada, mas a produtora ainda não estava gostando do espetáculo. Depois disso, percorremos as cidades de Feliz, Bom Príncipio, Harmonia, São Vendelino e Tupandi, sempre com boa receptividade do público, mas a produtora ainda não estava satisfeita. Então, paramos no final de março e resolvemos mexer no espetáculo, principalmente na dramaturgia, ensaiamos muito, nos preocupamos, ensaiamos e marcamos uma nova data em agosto na cidade de São Sebastião do Caí, dentro do projeto Arte Sesc, e depois de tanto trabalho, a produtora se rendeu e gostou do nosso trabalho, mas convenhamos que eles tinham razão em alguns pontos. O espetáculo criou um novo folego e seguiu em sua tragetória pelas seguintes cidades: Montenegro, Vale Real, retorna a Montenegro, Presidente Lucena, Morro Reuter e Maratá. Desta experiencia o que resta é o grande aprendizado que eu obtive para iniciar esta caminhada pela direção. No meio deste processo, muita água rolou, no 1º semestre tive que dirigir uma cena para o componente de Pratica de Encenação Teatral sob orientação de Jezebel de Carli. Depois de muitos problemas enfrentados em função de elenco, escolhi trabalhar com o texto "Una Dona Sola" de Dario Fo e Franca Ramme, com a minha colega Amanda Noviski que deu um show de interpretação, dedicada e exigente como só ela sabe ser. No segundo semestre iniciaram os ensaios do TCC, com as orientações, as entregas de relatórios, as cobranças, a pressão. Uau! Que furacão passou pela minha vida, mas que eu consegui segurar em um galho de árvore, e me reerguer. Mas olhando para trás penso que faria tudo novamente porque os ganhos de conhecimento e experiencia de vida não tem preço! Aproveito para agradecer a todos que de algum modo fizeram parte destes momentos. Ah, e por falar em retrospectiva não poderia deixar de lembrar dele: Michael Jackson!

Final de uma etapa!


Ontem, mais uma etapa chega ao fim em minha vida, pois entreguei a minha monografia na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul -UERGS. Batalha! É a definição que eu encontrei para intitular a minha trajetória acadêmica. Ao longo de cinco anos, muita água passou por debaixo da minha ponte, foram demasiados obstáculos para que eu alcançasse o meu objetivo de me formar num curso superior, ou melhor, para me formar num curso de artes, ou melhor, para me formar em um curso de Teatro! O que isso significa? No Brasil, alguém que resolve se dedicar a estudar e trabalhar com arte é bastante complicado, e as razões a gente já sabe: falta de incentivo, falta de crédito e interesse entre outros. Mas enfim, queria compartilhar a minha alegria neste espaço. Minha pesquisa foi sobre " Corpo e palavra: Criando sentido na cena a partir do texto teatral", que se utilizava de textos do dramaturgo francês Bernard Marié Koltès para criação cenica, que originou a cena "Travessias", em que eu coloquei a ação da cena em um porão de um navio, para falar de temas que me são caros como a negritude, a violência, o encarceiramento, dentre outros. Mas agora estou um pouco mais tranqüilo, ao lado das pessoas que me apoiaram nesta trajetória e que eu amo muito, e só tenho a agradecer, Daiane e Matheus, obrigado por tudo! E agora estou pronto para realizar novas travessias.

Válvula de Escape!

Crédito da Foto: JB Cardoso. Cais de Montenegro
Começo hoje a compartilhar neste espaço idéias, pensamentos, desabafos, devaneios, palavras, sentimentos sobre teatro, arte e cultura e sobre a minha vida.