ESPETÁCULO LOCAL
"NOS MESES DA CORTICEIRA FLORIR"
Assisti este trabalho da Usina do Trabalho do Ator em 2001. Um espetáculo simples e ousado ao mesmo tempo. Com um requintado ambiente, que colocava o espectador dentro da cena, trazia elementos da cultura gaúcha teatralizados. Uma direção requintada de Ciça Reckzieguel, com um espaço pra lá de interessante, simples e funcional de Chico Machado e um elenco caprichado que contava com Marcio Muller, Leonor Mello, Dedy Ricardo e Celina Alcântara, que por este trabalho recebeu o merecido Troféu Açorianos de Melhor Atriz. O espetáculo articulava três elementos: a trova gaúcha, o conto Anaí e a exploração de um espaço alternativo, de proximidade com o espectador. A trova serviu como mote de um olhar multifocal sobre a história que três personagens femininas contam ao público. Anita, a fiadeira; Ana, a chinoca; e Anai, a vendedora de cachaça que tem seu nome dado em homenagem à Anaí uma índia que reuniu um exército de índias e conseguiu confundir tropas brasileiras e argentinas a ponto de frustrar uma batalha. O espaço é íntimo: a casa de Anita, a fiadeira. Os espectadores erão convidados a entrar na sala da anfitriã e ali conviverem como numa casa. Oferecia-se cachaça e contava-se o causa de Anaí. Nesse jogo, as personagens transitavam em seus sonhos e desejos e o público era convidado, de forma sutil, a imaginar os desfechos da história.
Fonte: Usina do Trabalho do Ator
ESPETÁCULO NACIONAL
"A HORA DA ESTRELA"
Alexandre Casali que interpretava Macabéa |
Este espetáculo ficou retido na memória. Achei maravilhoso! Foi através deste espetáculo que surgiu a motivação para a criação de um espetáculo que também partiu do mesmo texto da Clarice, que estreiamos no ano passado intitulado "Assovio no vento escuro". A cia. Os Bobos da corte da Bahia adaptaram para o teatro a obra "A hora da estrela" de Clarice Lispector. O mais bacana é que a linguagem escolhida foi de técnicas teatrais baseadas nos contadores de histórias e nos repentistas. (Pena que não consegui encontrar uma foto do espetáculo, então a foto aí ao lado é do ator que fazia a Macabéa.) No espetáculo A Hora da Estrela, a poética de Clarice Lispector ganhava uma nova roupagem ao ser contada por uma trupe de atores cordelistas numa feira popular. Para ganhar uns trocados, eles encenam a história de uma escritora que resolve escrever um livro. A montagem era poética, engraçada, repleta de teatralidade, três atores davam conta de todos os personagens, e como esquecer da personagem Macabéa interpretada magistralmente pelo ator Alexandre Luís Casali. Lembro também do cenário e adereços que eram pequenos móveis como casa de bonecas. Um espetáculo encantador. Além de Caíca Alves, ator e responsável pela adaptação dos textos, a companhia Os Bobos da Corte é formada pelos atores Tati Canário e Alexandre Luís Casali (ótimo ator e palhaço que pude revê-lo no espetáculo "O sapato do meu tio". A diretora é Meran Vargens, atriz, coreógrafa e professora da Escola de Teatro da UFBA. A viagem teatral pela literatura nacional conta ainda com a produção executiva de Zélia Uchôa e a iluminação de Fernanda Paquelet.
"CUERPOS A-BANDERADOS"
A fartura de efeitos exibidos em cena fez de Cuerpos A-banderados um dos espetáculos mais provocadores argentinos que já assiti. Transgressora e experimentalista, Beatriz Catani, diretora e autora da peça, não se constrangeu de pôr em cena uma atriz urinando ou um ator imóvel e nu que permanecia na cena o tempo todo. O naturalismo ao extremo perseguido por Catani buscava uma nova linguagem, fugindo do convencional. Ao meio ao discurso fragmentado das três mulheres do palco, são utilizados ratos de verdade em cena e um ator representava um cadáver. Um espetáculo impactante que provocou os porto-alegrenses naquele ano de 2001.
Escrito e dirigido / Dramaturgia e direção: Beatriz Catani / Intérprete / Elenco: Susan Tale, Victoria Gonzalez Albertalli, Rosario Berman, Blas Arrese Igor
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