sábado, 26 de dezembro de 2009

JODOROWSKY: Sonho, magia e desrazão.




Alejandro Jodorowsky é uma entidade metafísica cujo nome está em toda parte e cujos filmes não se veem em lugar algum. Maldito e endeusado na indústria cinematográfica, ele tem uma presença no teatro, nos quadrinhos, na literatura e em dezenas de outros canais por onde jorra sem cessar sua torrente de sincretismo criativo entre diferentes linguagens e diferentes culturas. Através de uma amiga que me emprestou um box contendo quatro Dvd's deste mestre pude conhecer e de imediato me curvar a este que sem dúvida nenhuma é um dos mestres do cinema mundial, mas que não é reconhecido como. O primeiro filme a que assisti foi "La Cravate".

Este filme é de 1957, filmado em Paris, onde Jodorowsky fazia as suas primeiras experimentações no mundo das imagens em movimento. Este filme é uma versão muda para um conto de Thomas Mann. O filme é ingênuo, belo, completamente absurdo e surral, marca registrada deste diretor. Logo em seguida, assisti ao próximo filme: The Holy Mountain - A montanha sagrada, de 1973. Esta foi a grande obra ovacionada no Festival de Cannes de 1973. Eu nunca tinha visto algo como este filme. Absurdo, visionário, uma viagem alucinógena que trabalha os sentidos do espectador. Fiquei impressionado diante da cascata de imagens que pareciam inesgotáveis de invenção. Senti uma rede de vasos comunicantes, que se passam pela semelhança entre formas diversas. Isso se confirma em todas as suas obras. A mim, vem a idéia de que seu elemento mais crucial é o espetáculo, o grande espetáculo, prodigioso, que fascina e enfeitiça; mas um espetáculo que põe em cena um universo subversivo. Teatral!

Cineasta, dramaturgo, literato, ensaísta, quadrinista, tarólogo e especialista em psicomagia, Jodorowsky é fundador do Teatro Pânico, com os surrealistas espanhóis Fernando Arrabal e Torpor. Baseado em uma performance-art escrita por Arrabal, Fando & Lis é outro filme de Jodo sendo um mostruário de personagens perdidos que transitam por labirintos caminhos da imcomunicabilidade. Enfim, Jodorowsky é um inventivo diretor e pode sim, influenciar toda uma nova geração de cineastas e porque não atores e diretores teatrais, pois suas obras exalam criatividade, sonho, magia e desrazão, pois foge da linearidade da fábula criando um cinema surreal e pós-dramático, termo utilizado por Thomas Lemann para o teatro que pode ser utilizado aqui, pelo menos o vejo como um pós-algo-alguma-coisa-dramática-enfim, sei-lá.... Urgentemente precisa ser visto, divulgado e degustado como um clássico cinematrográfico. E o SESC brilhantemente está cumprindo o seu papel, e este ano de 2009 propos a Mostra Jodorowsky, tentando com isso, potencializar a qualidade revolucionária deste visionário. Viva ao SESC! Viva ao Jodorowsky!!!!

Um comentário:

  1. Faço minhas as suas palavras, estou absolutamente apaixonada, enloquecida, longíssima da razão depois de Jodorowsky....

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