sábado, 30 de abril de 2011

FERNANDO ARRABAL em PORTO ALEGRE


Um dos nomes mais importantes do teatro mundial, o dramaturgo espanhol Fernando Arrabal, 78 anos, fará a conferência de abertura do 6º Festival Palco Giratório Sesc-RS, amanhã, às 19h, no Teatro do Sesc (Alberto Bins, 665), na Capital (a entrada é franca, com retirada de senha uma hora antes do início). E eu e o Grupo Válvula de Escape estaremos lá para conferir este grande momento, assim como no ano passado estivemos na abertura com o Eugênio Barba.
Arrabal foi um dos dramaturgos enquadrados pelo crítico Martin Esslin sob a denominação de “teatro do absurdo”. Mas, como os demais, está além dos rótulos. Inspirado pelo surrealismo, foi um dos fundadores, em 1962, do Movimento Pânico (o nome faz referência ao deus Pã da mitologia grega). Trocou farpas com o diretor Gerald Thomas quando ambos participaram do ciclo de conferências Fronteiras do Pensamento, em Porto Alegre, em 2008.
Fernando Arrabal não é só o autor espanhol mais encenado no mundo. Trata-se de um dos poucos autores do chamado Teatro do Absurdo que ainda vivem e produzem. Criou uma nova categoria, algo novo até então, o Teatro Pânico. Controvertido, cultiva uma estética irreverente tanto na sua obra quanto nas suas aparições públicas. Recebeu o reconhecimento internacional pela sua obra narrativa (11 novelas), poética (diversos livros ilustrados por Amat, Dalí, Magritte, Miotte e Saura, entre outros), dramática (numerosas obras de teatro publicadas em dezenove volumes) e cinematográfica (seis longas-metragens).
Arrabal é um dramaturgo e novelista de grande sucesso, um dos mais produtivos artistas de seu tempo. Abandonou sua terra natal em 1955, segundo ele mesmo diz, “por motivos de liberdade”. Desde então, vive exilado na França. Criador versátil e inquieto, iniciou, na década de 1960, o Teatro Pânico, movimento que se diferencia de outras tendências artísticas e que teve como influências o dadaísmo e o surrealismo – foi fundado em Paris, junto com Alejandro Jodorowsky (o qual já fiz um comentário aqui no blog), cineasta chileno, e Roland Topor, pintor, escritor e ator francês, cujo manifesto expressava a intenção de conciliar o absurdo com o cruel, identificar a arte com o vivido e adotar a cerimônia como forma de expressão. 
O Teatro Pânico, que o próprio Arrabal qualifica como presidido pela confusão, pelo humor, pelo terror, pelo azar e pela euforia, está baseado na busca formal, tanto espacial quanto gestual, e na incorporação de elementos surrealistas na linguagem. Arrabal explica que esse tipo de teatro, enquadrado na tendência do absurdo, assume o olhar do menino (poupado de toda racionalização) e concebe o cenário como centro de confusão, de terror, de euforia, de caos, mas também culto da felicidade e desprezo de toda lei moral. Através de suas estreias e sua publicação, em Paris, o teatro de Fernando Arrabal alcançou renome universal.


Nenhum comentário:

Postar um comentário