quinta-feira, 14 de abril de 2011

PARA PINA BAUSCH


SANGUE NA SAPATILHA OU ENIGMA DA LIBERDADE

Heiner Müller – 1981 (para Pina Bausch)
De criança brincávamos de esconde esconde.
Ainda se lembra de nossos jogos?
Todos se escondem, um espera
O rosto contra uma árvore ou parede
As mãos sobre os olhos, até que o último
encontre seu lugar, e quem for descoberto
Tem que correr do pegador.
Se chegar primeiro na árvore, está livre.
Se não fica parado no lugar
Como se bater a mão em uma árvore ou parede
O pregasse ao chão como pedra sepulcral
ele não pode se mover até que o último
Seja encontrado. e às vezes o último
Por estar tão bem escondido, não é encontrado.
então todos esperam petrificados
cada qual seu próprio monumento, pelo último
e às vezes acontece morrer um
Seu esconderijo não é encontrado, não há
Fome que o faça escapar de sua morte
Aquela que o encontrou fora da fila
Os mortos não tem mais fome.
Então não há ressurreição. O pegador
Revirou cada pedra quatro vezes.
Agora só pode esperar, o rosto
Contra a árvore ou parede
as mãos sobre os olhos, até que o mundo
Tenha passado por ele.
Ponha suas mãos sobre os olhos irmão.
Os outros, que o pegador pregou ao chão
Ao bater a mão em uma árvore ou parede não correram
Depressa de seu esconderijo que não era bem seguro,
Eles agora não tem mais sobre seus olhos as mãos,
Não mais podem se mover e também os olhos não podem fechar
de acordo com a regra do jogo.
Como pedras no cemitério esperam eles
Com os olhos abertos para o último olhar.

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