NAVIO NEGREIRO
Projeto Teatro Aberto
Sala Álvaro Moreyra
31 de jul, 07, 14 e 21
terças às 20h
Entrada Franca
retirada de senhas 1h antes na bilheteria
Preto Benedito é um negro, filho de escravos, nasceu e passou toda sua existência na fazenda Oliveira, de propriedade de Manuel Oliveira, localizada no interior do Rio Grande do Sul. Foi ali que desde a mais tenra idade viu-se forçado a aprender a dura lida da Charqueada.
Com o passar dos anos, após a morte dos pais, herdara toda a responsabilidade do serviço que outrora era feito por seu pai. Castigado pelo duro ofício, o jovem Preto Benedito, embora muito forte, aos poucos envelhecia. Não tardou a ficar inválido para aquele duro ofício. Abandonado, mal recebia um prato de comida, apenas uma vez por dia. A dor da solidão começou a tomar conta de seu coração. Sentia saudades dos pais, únicos familiares, e até mesmo da África, embora nunca houvesse lá botado os pés. Crescera ouvindo o pai falar da beleza que é o continente africano, mas, também do horror que eram as viagens nos porões dos navios que transportavam os negros para serem escravizados no Brasil. Ainda na juventude, ouvira alguém recitar o poema Navio Negreiro de Castro Alves, foi quando compreendeu melhor o sofrimento de seu povo. Empregou grande parte de seus dias para aprender aqueles escritos.
Nos últimos dias é atormentado por essas imagens, sente-se como estivesse rodeado pela morte naqueles porões fúnebres e tétricos.
O velho Manuel Oliveira, pensando que o negro endoidara, manda a pionada mantê-lo acorrentado num tronco que fica atrás de uma cabana próximo ao lugar onde o gado repousa. Ali, quase dominado pelo Banzo, mas, sem jamais entregar-se, Benedito se mantém vivo encontrando forças nas palavras de Castro Alves e repetindo para si mesmo, “Levantai-vos heróis do Novo Mundo”... Quando as forças parecem lhe abandonar, Benedito se agarra ao poema, como a uma oração, sem compreender como a memória consegue manter vivas aquelas palavras.
O poema relata tudo o que acontecia nos porões dos Navios Negreiros desde a saída da África. Muitos morriam devido aos maus tratos, ou, dizimados por doenças que surgiam por falta de higiene. Destituídos de identidade e humanidade, aqueles negros eram considerados animais ou objeto de pouco valor. Talvez seja desta dor e sofrimento que Benedito encontra forças para sobreviver.
Num primeiro momento o espetáculo convida a platéia a invadir o silêncio de Benedito, logo após, através do poema de Castro Alves leva o público a ingressar no porão de um Navio Negreiro e testemunhar o que ali acontece.
Atuação: Antônio Marques
Direção: Antônio Marques
Trilha sonora e sonoplastia: Hector Enrique Sanzol (Kike Sanzol)
Fotografia: Markus Vargas
Operador(a) de Áudio: Mari Cardoso
Luz: Alessandra de Fraga
Pesquisa: Antônio Marques
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