domingo, 5 de junho de 2011

A MEGERA DOMADA - Comentário Crítico


A Megera Domada - Elenco de primeira em espetáculo de primeira

Na 3ª feira dia 7 de Junho a FUNDARTE – Fundação Municipal de Artes de Montenegro comemora 38 anos de intensa e dedicada jornada dedicada à formação e produção de arte e cultura em Montenegro e região. E para comemorar o seu aniversário presenteia a população com uma séria de espetáculos. Neste domingo trouxe a cidade “A Megera Domada” um espetáculo de teatro de rua, baseado na obra de Willian Shakespeare mesclando o jogo de máscaras fazendo uma referencia a Comédia Dell’Arte. O espetáculo é uma realização da UEBA e Produtos Notáveis de Caxias do Sul.
Se a Fundarte quis presentear os espectadores com este espetáculo, posso afirmar que conseguiu atingir o seu objetivo em cheio, oferecendo ao grande numero de espectadores um belo espetáculo.
Catarina é uma mulher bela e irascível, que não admite ser subjugada. Com sua língua ferina, ela afasta todos os pretendentes. O problema é que a doce Bianca - sua irmã - só poderá casar depois de Catarina. E agora? Quem conseguirá domar aquela megera? Só um louco, diriam os personagens desta deliciosa comédia de Shakespeare. E o nome dele é Petruccio, homem tão temperamental quanto a nossa destemida Catarina. Neste impagável duelo de forças, o bardo inglês nos brinda com uma história onde todos fazem tudo por amor. Mentem, trapaceiam, dominam e são dominados. A Megera Domada, uma de suas primeiras comédias, logo se tornou muito popular. Afinal, com muito humor e picardia, o mestre da dramaturgia defende os direitos da mulher e critica o machismo.  
A peça dirigida por Jessé Oliveira é uma união de duas linguagens: o jogo de máscaras, o jogo improvisacional da Comédia Dell’Arte, aliado a fusão dos textos de Shakespeare e Goldoni. O resultado foi um espetáculo diferenciado, afinadíssimo e criativo. Primeiramente gostaria de falar do espaço onde a peça é realizada, utiliza um espaço retangular demarcado por cordas, onde em cada ponta tem uma espécie de portais com degraus, que serve para demarcar as entradas e saídas dos personagens em cena. O espaço demarcado desta forma permite uma limpeza em cena, além de facilitar a marcação dos atores, pois em muitos espetáculos dirigidos a rua, acontece que os personagens surgem ou saem no meio do público, às vezes de modo violento, ou até mesmo deixando o espectador desconfortável, o que não ocorre em nenhum momento neste espetáculo. Os figurinos de Raquel Cappellettto é outro destaque desta montagem. Além de serem belos e ricos em detalhes são funcionais, caracterizando os personagens de “A megera domada” sem perder de vista as referencias a Comédia Dell’Arte, juntamente com a utilização das máscaras. A trilha sonora é pontual e muito bem executada, e um dos pontos altos da peça, se tratando da música é no encontro de Petrucchio e Catarina, quando é executada a canção “Se essa rua fosse minha”, num arranjo muito original que dá uma sustenção a cena apresentada, além de ser muito engraçada. Penso que como os atores estão muito afinados, talvez pudesse ser feito uma melhor utilização de músicas em cena, seria muito bem vinda à adesão de mais  canções do cancioneiro popular.       
Jessé conduz muito bem o elenco coeso deste espetáculo, adotando uma séria de convenções apropriadas à rua, além de utilizar muitas soluções teatrais que o espectador consegue ler e se divertir ao mesmo tempo, um dos exemplos é a utilização das cinco bonecas representando a personagem Bianca, boneca que ao passar do tempo vai crescendo de tamanho e trocando as suas características, ganhando personalidade e vivacidade em cena, de acordo com o seu manipulador, a utilização desta boneca diverte e ao mesmo tempo nos apresenta uma série de significados como a infância, a pureza, a feminilidade, a inocência, assim como nas últimas aparições como um mero objeto sexual. Outra solução adotada e que funciona muito bem é a caracterização dos dotes dos pretendentes de Bianca, que brinca com tamanhos de sacos de dinheiro relacionando ao tamanho de um falo, ou seja, um signo que tem um significado dúbio, que dá uma funcionalidade a peça sem ser vulgar, assim como muitas situações, como a utilização da campainha relacionada com um passarinho, ou seja, o falo do pai das meninas.
O elenco da apresentação em Montenegro marcou a estréia e substutição de dois dos atores da peça. Entra em cena Aline Zilli, Jonas Piccoli, Bruno Zilli, Fernando Gomes, Joe Guidini e na substituição a Juliana Demori e Márcio Ramos. Difícil destacar algum ator ou apontar os atores em substituição, pois todo elenco está muito bem em cena, entregue e disponível que não saberia destacar algum. Elenco de primeira em espetáculo de primeira, parabéns a todos e até mesmo a alguns imprevistos ocorridos durante a apresentação que só ajudou a visualizar o que faz um ator apaixonado se manter em cena mesmo com imprevistos. Por exemplo, em uma cena acontece um pequeno acidente que não chega a ser observado pelo público, mas como aconteceu em minha frente pude visualizar e acompanhar o seu desenrolar, em uma cena, um ator atinge seu colega com um violão acertando em sua testa, ao chegar à coxia, o ator percebe que está sangrando, rapidamente estanca o ferimento com papel higiênico e segue firme e forte em cena. Este fato demonstra que fazer teatro já é um desafio por si só, e fazer teatro na rua, não é para qualquer ator, pois lida com uma séria de intempéries, de transeuntes, do espaço aberto, do tempo de imprevistos, e o UEBA está de parabéns pela proposta apresentada neste espetáculo delicioso e leve de assistir. Conhecendo um pouco a trajetória de Jessé Oliveira, diria que esta união com o grupo de Caxias é um casamento perfeito, pois tem a sua frente uma equipe unida e de primeira. Parabéns a todos os envolvidos e vida longa a esta Megera Domada. Este trabalho comprova mais uma vez o profissionalismo e a excelência dos grupos do interior do estado que estão se desenvolvendo muito bem em suas produções assim como o pessoal do Timbre de Galo de Passo Fundo que vem trilhando uma trajetória super bonita. Espero logo, logo poder assisti-los novamente.
Conheça mais o trabalho do Grupo em:

Diego Ferreira é diretor do Grupo Válvula de Escape de Montenegro.

Um comentário:

  1. Juliana Demori entrou no lugar de Cleverson Souza e o Márcio Ramos estava só observando, pois ele substituiu o ator Rodrigo Guidini só no Filo, de Londrina, que está acontecendo até amanhã.

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