sexta-feira, 23 de março de 2012

MEMÓRIA DA CENA - Parte 19

Fazia algum tempo que não postava nada dentro do especial MEMÓRIA DA CENA, mas vou retomar agora. 

ESPETÁCULO LOCAL
ALL THAT FALL Grupo Sótão
Este espetáculo impactava pela pesquisa de linguagem que o grupo Sótão se dedicava. Pesquisa iniciada pelo Grupo Sótão na Trilogia Sam, formada por "O Sótão ou A Catástrofe", "All That Fall" e "M" , inspirados em Samuel Beckett, na busca de uma teatralidade, de uma linguagem própria e contemporânea de construção cênica.E as três propostas tiveram grande exito e colaboraram e muito para a cena teatral gaúcha com qualidade irretocável. "All the fall" partia de uma peça radiofônica de Beckett, onde o diretor Biño potencializou todo um universo absurdo através da concepção do espaço, dos figurinos e da trilha e iluminação, não esquecendo é claro do magnifico elenco que co seus corpos tensionados e deformados traziam uma espécie de angustia e lirismo a cena. Deixa muita saudade o Grupo Sótão! 

ESPETÁCULO NACIONAL
SAVANA GLACIAL

Grupo Físico de Teatro constrói espetáculo que questiona os limites entre realidade e ilusão. Com texto do badalado Jô Bilac, este é um daqueles espetáculos que val muito a pena assistir, pelo ótimo texto e qualidade da proposta. 

Savana Glacial se fragmenta como a mente da personagem Meg, que sofre de perda de memória recente, isolada em seu apartamento com o marido, o escritor Michel. A vizinha Agatha invade a privacidade do casal, criando um jogo de verdades e mentiras, ficção e realidade. A trama envolve ainda um quarto personagem, o motoqueiro  Nuno, uma espécie de elo com a realidade, escancarando uma obra aberta com referências à edição cinematográfica, promovendo fusões que desafiam as certezas e as incertezas do que se vê ou se vive.
O espetáculo propõe um jogo entre realidade(s) e ficção. Digo realidade(s), pois no momento em que a realidade se fragmenta, e não temos uma verdade absoluta, qualquer um dos personagens pode estar vivendo uma realidade, uma ilusão ou uma projeção da sua mente. A personagem Meg é quem tem uma mente fragmentada, mas existe uma linha muito tênue entre o que é real e o que é ficção em sua vida, e na vida dos personagens que a circundam, oscilando sempre o foco da trama. Quem está contando a verdade (se é que existem verdades)? Quem está propondo o jogo? O marido realmente mente, ou tudo faz parte de um jogo da vizinha? O que é verdade? O que é ficção? E qual é a fronteira dentro deste jogo?
Mais acesse o  link

ESPETÁCULO INTERNACIONAL
NI SOMBRA DO QUE LO FUIMOS (ESPANHA)


Um espetáculo da Cia. La Zaranda, da qual lembro que tinha um carrossel em cena, uma imagem poética  inesquecível!
Ainda girando no carrossel. Embora a música como só tem o ranger de ferrugem, como uma voz cansada que fala de solidão e abandono. E voltando-se para ele neste vórtice triste memória, estes destinos: Quixotes anónimos que conhecem a escuridão por engano em um mundo em extinção. Duvidando se deseja prosseguir ou retornar, se você deixar ou esperar. Porque você tem que tomar uma direção nesse cata-vento louco em que nos voltamos sempre, esperanças e carrossel fracassos, procurando entre as sombras fugazes que passam um rosto familiar, alguém que já esqueceu o seu nome.
Teatro que transcende de sua singularidade, o Zaranda apresenta um show com um ar de cerimônia e de uma força chocante: um carrossel antigo no centro de uma metáfora palco para a vida eo destino, o teatro em preto e branco, o expressionismo visual.
 Difícil de esquecer.




Nenhum comentário:

Postar um comentário