quinta-feira, 10 de novembro de 2011

MEMÓRIA DA CENA - Especial 30 ANOS Parte 7

Dando sequencia a este post especial sobre os espetáculos que fizeram a minha memória trago hoje a 7ª parte, onde destaco mais três espetáculos:


ESPETÁCULO LOCAL
AS MAL CRIADAS
Um espetáculo que ficará na memória dos palcos gaúchos. Três atores ótimos Tiago Real, Fernando kike Barbosa (na época apenas Kike Barbosa) e Sergio Etchichury. A começar pelo título "As Mal Criadas", uma adaptação da obra "As Criadas" de Genet. O espetáculo era uma celebração, uma obra erótica e altamente poética
com uma subvertida atmosférica religiosa. Sou apaixonado pelos textos de Genet e este espetáculo conseguiu um excelente resultado frente a este autor maldito. O Teatro de Arena foi o palco perfeito para abrigar esta montagem que deixou completamente inebriado pela proposta.  Um jogo de ilusão, identidades e teatralidade. Um dos bons momentos do teatro gaúcho!

ESPETÁCULO NACIONAL
PARTIDO
Grupo Galpão de Minas Gerais é referencia em teatro para muitos e para mim não é diferente. Já assisti outros trabalhos do Grupo, mas este se diferencia dos demais justamente por mostrar uma outra faceta do Galpão, que sempre tinha o teatro popular como foco, e aqui busca outra vertente orientada pelo fabuloso Cacá Carvalho. O resultado foi um espetáculo altamente poético, com uma riqueza estética, recheada de signos e a interpretação do coletivo é um dos grandes destaques. A direção do Cacá Carvalho é magistral, você sai hipnotizado do espetáculo repensando o seu modo de fazer e que é possível sim participar de uma experiencia criativa de alto gabarito. A cena inicial é um grande momento teatral, aqueles atores surgindo detrás daquelas malas, e os atores jogando com a dualidade, meio humano, meio animal foi fantástico. Tudo isso partindo do texto de Ítalo Calvino "O visconde partido ao meio". Um dos melhores espetáculos do Galpão.

ESPETÁCULO INTERNACIONAL
CANÍBALES - Uruguai
"Caníbales" foi um espetáculo inesquecível para quem conseguiu assistir a apresentação dentro do Porto Alegre em Cena em 2005. Uma criação de Alberto Rivero com o Grupo Comedia Nacional do Uruguai. O espetáculo foi apresentado na Terreira da Tribo e aconteceu um fato bastante curioso com os figurinos desta peça. Pelas imagens do programa divulgados o espetáculo tinha figurinos super elaborados para falar sobre presos de  Auschwitz, mas devido a problemas com a alfandega, os mesmos não foram liberados e não chegaram a tempo em Porto Alegre. Este fato não tirou toda a grandeza desta peça que foi um marco na minha vida. O espetáculo tinha uma ambientação bacana, o público ficava em arquibancadas semelhantes a beliches de dormitórios de presos, em dois andares e o espetáculo acontecia num corredor sendo que os atores ficavam muito próximos da platéia, sufocando ainda mais o espectador. A peça cruza descendentes de vítimas de Auschwitz sobreviventes e como gosto muito deste tema da guerra, do holocausto, me fascinei com o espetáculo que ficou calcado apenas na interpretação de um mega elenco formado por 40 atores, que fizeram a peça sem seus figurinos e adereços, apenas com roupas de trabalho e isto me fascinou, imagina se estivesse com tudo completo. 
A mais importante companhia de teatro do Uruguai, a Comédia Nacional apresentou um espetáculo que descreve sobre a diversidade de caráter e personalidade. O autor George Tabori não tem limites na sua audácia, misturando com suprema irreverência, humor e horror. O elenco define de forma extraordinária o momento mágico e assustador que o público vive durante duas horas. A história apresenta descendentes de vítimas de Auschwitz que se reúnem com dois sobreviventes para entender o que ocorreu no campo de concentração. Uma história é contada entre o passado e o presente.

Não deixe de comentar e acompanhar as próximas postagens deste especial.

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